Para a BlackRock, não basta uma empresa ter um diretor que entenda da crise climática – é preciso que a diretoria mostre serviço quando falar de transição energética ou de economia de baixo carbono. É preciso que a diretoria toda conheça e esteja engajada para enfrentar os riscos que a mudança do clima traz aos seus negócios. Como maior fundo privado de investimentos do mundo, a BlackRock é voz privilegiada em grande parte das grandes corporações. O diretor que não entender o recado corre o risco de se ver em perigo na próxima reunião de acionistas. Uma novidade adicional – a BlackRock avisou que as empresas precisam incluir as emissões de escopo 3 nos seus relatórios, se referindo às emissões ao longo da cadeia de suprimentos. Elas incluem desde viagens de seus diretores e colaboradores até as emissões ocorridas na produção dos insumos que ela adquire. Assim, o pessoal de compras se verá pressionado a incluir as emissões no critério de seleção de seus fornecedores. A Bloomberg e a Reuters deram a notícia.
Ainda sobre o anúncio da BlackRock, o The Guardian deu destaque especial ao que será exigido das grandes petroleiras: a BlackRock quer que as petroleiras incluam em seu escopo 3 as emissões do consumo, ou seja, as emissões dos nossos carros, da geração de eletricidade e de uso industrial. Mais, ela quer ver as diretorias empenhadas em reduzir o risco de sobrar com o mico de reservas fósseis se tornarem ativos encalhados, os stranded assets.
Em tempo: Sobre estes ativos encalhados, a Fitch, uma das 3 maiores agências globais de rating, avisou que a mudança do clima pode reduzir o rating de crédito de países cuja pauta de exportação dependa da exportação de petróleo. Na medida em que o mundo passar a depender menos do fóssil, o valor das exportações desses países cairá. E seu crédito na praça, também. A notícia saiu na Reuters.
ClimaInfo, 18 de fevereiro de 2021.
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