Circulação no Atlântico atinge o patamar mais baixo dos últimos 1.000 anos

circulação no Atlântico

Está-se confirmando uma das previsões mais importantes da mudança climática: a corrente de circulação no Atlântico está em seu ponto mais fraco nos últimos 1.000 anos. A AMOC (Atlantic Meridional Overturning Circulation) leva água quente superficial às costas do norte europeu, trazendo de volta as águas frias, mais profundas. É essa água quente que evita que a região tenha um clima muito mais frio, como aquele encontrado na Sibéria. O principal “motor” do sistema é a diferença de temperatura entre a água quente do Golfo e as das costas de Noruega, Suécia e vizinhos. Os mares estão aquecendo e mais rapidamente perto do Polo do que perto do Equador. A diferença de temperatura está diminuindo e o “motor” enfraquecendo. Essa é o principal recado de um trabalho que acaba de sair na Nature Geoscience. Os pesquisadores analisaram uma infinidade de fontes indiretas para modelar a AMOC desde o ano 400 da nossa era. Ela permaneceu praticamente estável até os primeiros anos do século 19. Ela vinha enfraquecendo bem lentamente até meados do século 20 quando o processo começou a acelerar. As consequências vão além de invernos mais rigorosos. O sistema também funciona como uma parede que protege o continente de ondas mais intensas de frio e de calor. Esse enfraquecimento é um processo que se autoalimenta e que pode levar, um dia, a cessar por completo. Vale ver as matérias do The Guardian, Financial Times, Washington Post e da Inside Climate News.

Em tempo: Com o Ártico mais quente, ursos polares precisam nadar dias para achar alimento. O impacto do aquecimento do Ártico se estende para outros animais também. No caso dos ursos, as focas, seu prato predileto, são caçadas quando elas emergem nos bancos de gelo. Menos gelo, menos bancos, menos focas saindo da água. Um estudo sobre ursos e navais (da família das baleias) mostrou que a mudança do clima os está afetando seriamente. Como a maior parte dos mamíferos árticos, eles são feitos para gastar o mínimo possível da energia usada para se manterem aquecidos. Ursos costumavam encontrar um buraco de foca no gelo para sentar e esperar a refeição aparecer. Narvais, que mergulham em águas profundas, se movem o menos possível. O estudo, que saiu no Journal of Experimental Biology, mostrou que os ursos precisam nadar mais – cerca de 3 dias mais – para encontrar as focas, e o alimento que encontram em terra não se compara à uma foca gordinha. Os Narvais enfrentam quase que o problema contrário. Mergulhando no limite do fôlego, eles contam com os buracos no gelo para emergir e respirar e a instabilidade e variabilidade do gelo ártico os coloca em risco de morrerem afogados. Como em outros ecossistemas, a redução na quantidade dos animais no topo da cadeia alimentar, acaba provocando perturbações sérias no restante. Phoebe Weston, no The Guardian, comentou o trabalho.

 

ClimaInfo, 26 de fevereiro de 2021.

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