O “porém” da popularização corporativa de metas climáticas baseadas na ciência

Science-Based Targets (SBTi)

Nos últimos tempos, virou moda entre as grandes empresas globais a formulação de “metas climáticas baseadas na ciência”. Esse movimento ganhou impulso depois da adoção do Acordo de Paris, em 2015, quando a iniciativa Science-Based Targets (SBTi) definiu padrões científicos para que as companhias alinhassem suas estratégias e ações climáticas com os objetivos de mitigação do Acordo. Mais de mil empresas em 50 setores se envolveram nesse processo. No entanto, um dos principais entusiastas do movimento externou publicamente sua insatisfação com a iniciativa.

Para Bill Baue, um dos nomes por trás desse conceito, a SBTi “está colocando seus próprios interesses acima dos interesses do público”. Em artigo publicado no Medium, Baue ressaltou que a governança em torno da iniciativa sofre com conflitos de interesse que estão, em última análise, desvirtuando a ideia das metas baseadas na ciência.

Como o Climate Home explicou, a SBTi trabalha com as empresas no desenvolvimento e aprovação de metas e estratégias para reduzir as emissões em linha com o objetivo do Acordo de Paris de conter o aquecimento global em 1,5oC com relação aos níveis pré-industriais. No entanto, pela acusação de Baue, a SBTi se coloca em uma posição eticamente contestável ao recomendar metodologias desenvolvidas por parceiros da iniciativa, mais flexíveis em termos de cortes de emissões, e vetar outros métodos que resultariam em reduções mais robustas. “Eles são o advogado, o juiz e o júri nessa situação”, disse Baue.

 

ClimaInfo, 26 de fevereiro de 2021.

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