BBC revela venda de terra grilada na Amazônia pelo Facebook

venda terras Amazônicas Facebook

O Facebook não vem servindo apenas para a promoção de fake news por negacionistas da pandemia e da crise climática: a rede social mais popular do mundo também está servindo como página de classificados para a compra e venda de áreas desmatadas ilegalmente na Amazônia. Uma investigação inédita feita pela BBC Brasil revelou que até mesmo terrenos dentro de Terras Indígenas e Unidades de Conservação estão sendo anunciados, com preços que vão até a casa dos milhões de reais. Segundo a reportagem, que deu origem ao documentário “Amazônia à venda: o mercado ilegal de áreas protegidas no Facebook”, o mercado ilegal de terras amazônicas está aquecido no Brasil com a perspectiva de que o Congresso anistie invasões recentes e permita a regularização fundiária dessas áreas obtidas irregularmente.

Sem títulos de propriedade das terras em questão, os grileiros estão recorrendo ao Cadastro Ambiental Rural (CAR) para reivindicá-las e colocá-las à venda, tentando dar um aspecto de legalidade às operações. No entanto, o CAR não é prova de direito à propriedade, já que ele é autodeclaratório.

O uso do Facebook para o anúncio desses terrenos revela ainda a sensação de impunidade expressa abertamente por alguns dos entrevistados na investigação. Em consequência da reportagem e do documentário, o Ministério Público Federal afirmou que instaurará um procedimento nos próximos dias para apurar a venda ilegal de terras públicas na Amazônia por meio do Facebook. Segundo o MPF de Rondônia, já existem investigações sobre esse tipo de operação dentro da TI Uru Eu Wau Wau, um dos casos abordados na matéria.

 

ClimaInfo, de março de 2021.021.

Se você gostou dessa nota, clique aqui para receber em seu e-mail o boletim diário completo do ClimaInfo.

x (x)