Metas do Brasil e de outros 74 países são insuficientes para conter o aquecimento global, alerta ONU

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Os compromissos nacionais anunciados até o final do ano passado por 75 países ainda estão muito distantes de limitar o aquecimento do planeta em 2°C até o final deste século. O alerta é do Secretariado da Convenção-Quadro da ONU sobre Mudança do Clima (UNFCCC), que apresentou na 6ª feira (26/2) um relatório que sintetiza as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) submetidas ao Acordo de Paris nos últimos meses. Para que os esforços sejam efetivos contra a crise climática, o documento sugere que essas NDCs sejam refeitas até o final deste ano, antes da COP26.

Estas novas NDCs foram apresentadas por países que somam aproximadamente 30% das emissões globais de carbono; no entanto, o agregado das promessas de redução sugere uma redução de menos de 1% até 2030 com relação aos níveis de 2010. Se esses países se limitarem a esse esforço incipiente, a temperatura média global deve subir 3°C neste século, bem acima da meta do Acordo de Paris. Para se ter ideia de quão fraco é este conjunto de promessas, o IPCC afirma que o mundo precisará cortar suas emissões em 45% na próxima década se quiser ter pelo menos 66% de chance de limitar o aquecimento em 1,5°C até 2100, o que implica uma redução anual de 7,6% entre 2020 e 2030.

O Brasil está no bolo destes pífios compromissos nacionais. No final de 2020, o governo Bolsonaro apresentou a nova NDC brasileira, que foi pessimamente recepcionada dentro e fora do país. Como o destacado pelo Observatório do Clima, o novo compromisso brasileiro conseguiu a proeza de ser menos ambicioso, com mudanças metodológicas nas estimativas de emissões no ano-base que permitiriam que o país chegasse a 2030 emitindo até 400 milhões de toneladas de CO2 a mais do que o projetado em 2015. Pior, o Brasil eliminou qualquer menção à promessa de zerar o desmatamento ilegal na Amazônia em 2030. Não à toa, ambientalistas brasileiros pediram à UNFCCC a rejeição da nova NDC do país e o governo federal ficou de fora do evento virtual de celebração do 5º aniversário do Acordo de Paris, realizado em dezembro passado pela ONU.

Estadão, Exame, Galileu, O Globo e Valor repercutiram o relatório da ONU e destacaram a insuficiência da NDC brasileira. No exterior, esses dados também foram destacados por BBC, Bloomberg, Climate Home, Financial Times, Guardian e Reuters, entre outros.

 

ClimaInfo, de março de 2021.021.

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