Poluição de combustíveis fósseis responsável por mais de 10 milhões de mortes prematuras em 2012

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O material particulado menor que 2,5 microns (centésimos de centímetro), o PM 2.5, o mais danoso à saúde humana, foi responsável pela morte prematura de 40% mais vidas do que as estatísticas da Organização Mundial da Saúde indicam. Pelo menos em 2012. A maioria dos trabalhos publicados sobre o impacto da poluição na mortalidade não separam o PM 2.5 saído da queima de combustíveis fósseis daquele de outras fontes. Mais, aplicam funções de resposta dependente da concentração (CRF – concentration-response function) sobre o organismo humano para uma faixa restrita dessas concentrações. Pesquisadores ampliaram essa faixa e identificaram o particulado proveniente da queima de fósseis. Aplicaram o método para os dados de 2012 de mortalidade e de poluição. Enquanto a OMS estima que entre 6 a 7 milhões de pessoas morrem antes do tempo por conta da poluição, os resultados da pesquisa atribuem à poluição de fósseis, a morte de mais de 10 milhões de pessoas. Em 2012, a China e a Índia ainda não tinham começado a enfrentar seriamente o drama nas suas grandes cidades. Assim, a pesquisa atribui a morte de quase 4 milhões de chineses e 2,5 milhões de indianos aos fósseis. O trabalho saiu na Environmental Research. Tyler Cowen, na Bloomberg, compara com as mais de 2,6 milhões de mortes pela COVID-19.

Vale ver o artigo e ouvir o podcast de Lúcia Müzell, da Rf1, justamente sobre o duplo impacto da poluição na pandemia. Além de comentar a situação global da poluição, ela conversou com o Prof. Paulo Saldiva, da USP: “A poluição está funcionando como um enfraquecedor inescapável, ao qual todas as pessoas, independente do seu estado de saúde, estão expostas. Consequentemente, funciona como um fator de vulnerabilização, aumentando a chance de que, para um mesmo inóculo, o vírus encontre um ambiente mais favorável para a sua proliferação e, consequentemente, cause uma doença clinicamente relevante”. Saldiva destaca que o impacto é maior nas periferias das grandes cidades brasileiras, onde moram as “pessoas que ficam mais tempo dentro dos congestionamentos, no corredor de tráfego denso. Mais tempo respirando poluição, na rua.”

 

ClimaInfo, 12 de março de 2021.

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