Organizações europeias e sulamericanas se manifestam contra aprovação do acordo comercial entre UE e Mercosul

Mercosul

Um grupo de 450 organizações ambientalistas e de Direitos Humanos da Europa e da América do Sul divulgaram um manifesto contra a aprovação do acordo comercial entre Mercosul e União Europeia, prejudicado por conta da insatisfação de alguns países europeus com a política ambiental do governo Bolsonaro no Brasil. Segundo as entidades, o acordo vai contra os compromissos internacionais de ação climática, já que ele “incentivará ainda mais a destruição e o colapso da biodiversidade da Amazônia, do Cerrado e do Gran Chaco [entre a Argentina e o Paraguai] devido à expansão das cotas pecuárias e de etanol”.

A declaração também assinala o risco de que o acordo comercial entre os dois blocos intensifique problemas econômicos e sociais crônicos, principalmente nos países do Mercosul, prejudicando a subsistência de pequenos agricultores familiares e de trabalhadores da indústria. “Ele [o acordo] perpetua o caminho de dependência das economias sul-americanas como exportadoras baratas de matérias-primas, que por sua vez são obtidas por meio da destruição de recursos naturais vitais, em vez de promover o desenvolvimento de economias sólidas, diversificadas e resilientes”, argumentam as signatárias. O Valor repercutiu essa notícia.

Em tempo: “A União Europeia deve entender que uma promessa em um acordo comercial não substitui uma política de controle do desmatamento – algo que está faltando no Brasil”, escreveu Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima (OC), no Euractiv. Segundo ele, os países europeus não podem confiar em compromissos ou declarações vagas em matéria de meio ambiente por parte do governo Bolsonaro, já que o próprio presidente é quem encabeça os ataques contra a política ambiental brasileira. “Se líderes europeus como Angela Merkel, que enfrenta eleições este ano, e Emmanuel Macron, que se candidatará à reeleição no próximo ano, querem avançar com a ratificação do acordo de livre comércio, eles devem ser avisados de que, ao fazê-lo, ele tornará a UE associada à destruição do sistema climático global pelo governo brasileiro. E terão que posar para a foto com o Bolsonaro – que, aliás, nunca usa máscara”, lembra, com fina ironia.

 

ClimaInfo, 16 de março de 2021.

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