Partido Verde alemão ganha peso político e pode definir futuro pós-Merkel

Partido Verde Alemanha

O resultado das eleições regionais em dois estados na Alemanha animou o Partido Verde e deu mais força para o grupo no tabuleiro político alemão a pouco menos de seis meses da eleição nacional. Nas pesquisas de intenção de voto, os Verdes se consolidaram como a segunda força política na Alemanha, superando o Partido Social-Democrata, atrás apenas da coalizão conservadora atualmente encabeçada pela chanceler Angela Merkel, que se aposentará neste ano.

Como destacado pelo Washington Post, as chances do Partido Verde suceder Merkel no comando da Alemanha ainda são pequenas, mas o partido poderá ter peso decisivo para a constituição do próximo governo. No entanto, analistas não descartam a possibilidade dos Verdes ganharem força nos próximos meses, por conta do desgaste público de aliados de Merkel causado por escândalos de corrupção e pela vacinação lenta contra a COVID-19.

Para reforçar sua posição na disputa nacional, os Verdes apresentaram na semana passada um novo compromisso climático para a Alemanha, o que colocaria o país em uma trajetória de cortes de emissões de carbono compatível com o objetivo mais ambicioso do Acordo de Paris – o de limitar o aquecimento do planeta em 1,5oC neste século. Para tanto, o partido promete acelerar o abandono do carvão até 2030 e aumentar a taxação sobre o carbono, além de diminuir o imposto sobre equipamentos privados de geração elétrica renovável. Ao todo, esses investimentos somariam € 50 bilhões por ano até o final desta década. Associated Press e Bloomberg deram mais detalhes sobre o plano.

De acordo com a Reuters, outra proposta dos Verdes é o fim do polêmico projeto do gasoduto Nord Stream 2, que pretende facilitar o transporte de gás natural da Rússia para a Europa. O projeto é apoiado pelo governo Merkel, mas tem causado tensões não apenas ambientais, associadas ao seu custo climático, mas também geopolíticas – os EUA enxergam nesse gasoduto uma forma do governo Putin enfraquecer ainda mais a Ucrânia, que hoje hospeda a maior parte da infraestrutura que leva o gás russo para os europeus.

Em tempo: Parece brincadeira, mas é sério: o Partido Conservador do Canadá, que hoje lidera a oposição do governo de Justin Trudeau, rejeitou na semana passada uma declaração que reconhecia o óbvio – que a crise climática existe e que representa um problema sério para o futuro da humanidade. O negacionismo climático ainda é forte entre os conservadores, afinal foi sob o governo de um dos antecessores conservadores de Trudeau, Stephen Harper, que o país abandonou o Protocolo de Quioto, episódio que representou o ponto mais baixo da política canadense para o clima. A liderança conservadora vinha tentando mudar essa situação e fez campanha para que os delegados do partido aprovassem a declaração, vista como estratégica para uma vitória nas eleições gerais de 2023. Guardian e Reuters repercutiram essa notícia.

 

ClimaInfo, 22 de março de 2021.

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