As reações a Pazuello na Amazônia

Pazuelo na Amazônia

As especulações em torno da transferência do general Eduardo Pazuello para um ministério na Amazônia agitaram Brasília nos últimos dias. A ideia era tão estapafúrdia que, no Brasil de Bolsonaro, não tinha como não ter um fundo de verdade. Como destacamos ontem aqui, o presidente estava preocupado com a possibilidade de seu braço-direito no caos da pandemia no Brasil ficar sem foro privilegiado – e, logo, vulnerável a eventuais condenações na Justiça em instâncias inferiores por causa de sua gestão catastrófica na saúde. Por isso, uma das possibilidades trabalhadas pelo Planalto era alocar Pazuello em um “ministério extraordinário para a Amazônia”, o que mataria dois coelhos com uma cajadada só: o general manteria seu foro privilegiado e, ao mesmo tempo, esvaziaria o Conselho da Amazônia comandado hoje pelo vice-presidente (e desafeto de Bolsonaro) Hamilton Mourão.

Como Leonardo Sakamoto escreveu no UOL, a possibilidade de Pazuello assumir alguma coisa na Amazônia era um “insulto”: afinal, o próprio general está sendo investigado pela Justiça Federal por causa da omissão do governo no colapso da Saúde Pública em Manaus no começo do ano, quando a cidade ficou sem oxigênio nos hospitais. “Como alguém que entrega vermífugo a um povo que clama por ar pode ocupar uma pasta voltada a garantir a qualidade de vida desse povo?”, questionou Sakamoto. Já Mourão não escondeu o incômodo com um eventual ministério para a Amazônia. Ao blog de Gerson Camarotti no G1, o vice afirmou que a pasta seria “bem-vinda” se estivesse direcionada para o desenvolvimento da região; caso contrário, ela seria como “um camelo à procura de um deserto”.

Por sorte (se é que essa palavra ainda vale alguma coisa), essa possibilidade parece ter ficado no campo das especulações. Nesta 3ª feira (23/3), a hipótese mais forte era a de que o ex-ministro da saúde assumisse o Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), hoje sob responsabilidade do ministério da economia. Segundo o Valor, Bolsonaro pretende recolocar o PPI dentro do Planalto e possivelmente elevar o comando do programa ao status ministerial.

Em tempo: Enquanto isso, no Congresso Nacional, o relator do orçamento federal para 2021 descartou todas as sugestões de emenda para complementar as contas do ministério do meio ambiente neste ano. O senador Márcio Bittar (AC) vetou as propostas apresentadas pelo relator setorial do orçamento na Câmara, deputado Nilto Tatto (SP), garantindo assim que a pasta terá o menor orçamento em mais de duas décadas – R$ 1,79 bilhão. O Globo deu mais detalhes.

 

ClimaInfo, 24 de março de 2021.

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