Certamente, o momento “ooops” da semana foi protagonizado pelo gigantesco navio porta-contêineres Ever Given, que conseguiu a proeza de encalhar de maneira atravessada no Canal de Suez, bloqueando um dos principais corredores logísticos do planeta por tempo ainda indeterminado. O bloqueio de Suez causou um congestionamento histórico de embarcações no Mediterrâneo e no Mar Vermelho, especialmente de navios-petroleiros que levam o óleo dos grandes centros de produção no Oriente Médio para os mercados consumidores na Europa. Segundo o Guardian, o equivalente a cerca de 10 milhões de barris de derivados de petróleo estão presos no engarrafamento, causando uma disrupção no fluxo de fornecimento de petróleo – e, com isso, variações nos preços internacionais do produto.
Na 4ª feira (24/3), ainda sob o choque da notícia, os preços do petróleo fecharam em alta, sob a expectativa de que o fechamento de Suez poderia compensar as expectativas negativas sobre a retomada do consumo do combustível nos próximos meses no mercado europeu, ainda bastante prejudicado pela pandemia. No entanto, como a Bloomberg ressaltou, esse movimento não se sustentou: ontem, os preços do petróleo voltaram a sofrer queda, prejudicados por mais um dia de mau humor no mercado financeiro, desanimado com a retomada das restrições à circulação de pessoas em diversos países europeus. Mesmo um prolongamento da situação em Suez pode ser insuficiente para estimular uma alta nos preços do petróleo no curto prazo, já que os embarques de óleo do Oriente Médio para a Europa vêm caindo nos últimos anos, reflexo de mudanças no consumo europeu e novas rotas de fornecimento de combustível para o continente. Segundo o Wall Street Journal, as petroleiras também estão menos dependentes de Suez e já buscam formas alternativas para superar o bloqueio e manter o abastecimento.
ClimaInfo, 26 de março de 2021.
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