Na correria do final do mandato, Donald Trump autorizou em janeiro a reativação de uma refinaria na ilha de St. Croix, nas Ilhas Virgens Americanas. Apenas três dias após o acionamento das máquinas, em 4 de fevereiro, os moradores da região tiveram um lembrete sombrio do motivo pelo qual a refinaria ficou quase dez anos parada: uma nuvem densa gerada pela planta subiu ao céu, causando uma precipitação de água e óleo que cobriu telhados, animais e árvores.
O Washington Post abordou a situação de St. Croix e destacou os dilemas e obstáculos que o governo Biden terá pela frente em seu objetivo de reforçar a política ambiental nos EUA depois do desmonte sofrido na administração anterior. Na ilha, muitos dos moradores também são funcionários da refinaria, vista como a principal fonte de renda local. Mesmo com o risco de intoxicação, eles seguem apoiando a retomada das operações, por uma questão de sobrevivência. O caso ressalta como a transição para um modelo econômico mais sustentável passa também por uma transição justa para os trabalhadores da indústria fóssil.
A questão também está presente na mais nova crise migratória na fronteira sul dos EUA. Desde o começo do ano, milhares de pessoas originárias de países centro-americanos estão se aventurando na perigosa travessia da fronteira em busca de novas oportunidades. Além da violência, muitos estão fugindo também dos impactos causados por eventos climáticos extremos nos últimos meses na região, como furacões e secas, que arruinaram as condições de subsistência no campo. “O [furacão] Eta, mais a pandemia, nos deixou sem nada”, comentou à CNN um pai hondurenho logo após autoridades norte-americanas deportarem ele e sua família para Reynosa, no norte do México.
Em tempo: O NY Times conversou com o cientista e climatologista Gavin Schmidt, ex-chefe do Instituto Goddard de Estudos Espaciais da NASA e novo conselheiro sênior da agência espacial norte-americana para o clima. A criação desse posto e o remanejamento de Schmidt reforçaram a virada de jogo da ciência climática na estrutura governamental norte-americana sob Biden: depois de quatro anos sofrendo ataques sucessivos de Trump, as principais cabeças da ciência climática nos EUA estão sendo chamadas pela Casa Branca para assumir a dianteira da política climática do país.
ClimaInfo, 29 de março de 2021.
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