Queda de Araújo expõe Ricardo Salles como novo alvo de parlamentares

Araújo

A renúncia de Ernesto Araújo do comando do Itamaraty, confirmada nesta 2ª feira (29/3), coloca novamente o governo Bolsonaro na berlinda política em Brasília. O ex-chanceler caiu após passar as últimas semanas sob intensas críticas de adversários e aliados políticos do Planalto, insatisfeitos com o desempenho deprimente de Araújo no enfrentamento à pandemia no Brasil e com o isolamento diplomático do país no cenário internacional. Ao final do dia, Bolsonaro confirmou o nome do embaixador Carlos França como novo chanceler.

Sem Araújo, a base aliada de Bolsonaro e a oposição no Congresso Nacional devem mirar outro ministro problemático do governo federal – Ricardo Salles. Segundo O Globo, a queda do ministro do meio ambiente é vista como a nova prioridade dos partidos do Centrão, que tentam aproveitar a crise política para tomar as rédeas de Bolsonaro e contornar os diversos focos de tensão política criados pelo presidente e seus apoiadores mais radicais. A justificativa é de que Salles é um nome tóxico internacionalmente por causa do desmonte da política ambiental no Brasil e que a permanência dele dificulta a recuperação da imagem do país no exterior.

Sobre a queda de Araújo, vale a pena ler os artigos de Oliver Stuenkel (FGV) no Estadão, Mathias Alencastro na Folha e Assis Moreira no Valor. O tom é parecido em todos eles: em pouco mais de dois anos de gestão, o ex-chanceler desmoralizou a política externa brasileira, mas a saída dele não sinaliza uma mudança substancial – afinal de contas, ele apenas fazia as vontades do chefe dele, Bolsonaro. Tudo indica que o substituto fará o mesmo. O Globo Rural, por sua vez, ouviu representantes do agro e dos ambientalistas.

Em tempo: A polêmica deputada bolsonarista Bia Kicis (SP), que assumiu o comando da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, tem entre seus entusiastas mais fortes o empresário Winston Ling. Defensor público do presidente, Ling encabeça um grupo de empresas com longo histórico de crimes ambientais e foi um financiador importante das campanhas eleitorais de aliados políticos do presidente em 2018, como o ministro Ricardo Salles. O De Olho nos Ruralistas analisou as conexões financeiras entre Ling e o bolsonarismo.

 

ClimaInfo, 30 de março de 2021.

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