A próxima pandemia pode vir de uma Amazônia menos biodiversa

pandemia Amazônia

A Organização Mundial da Saúde (OMS) colocou uma lupa nas origens da atual pandemia, detalhando rotas e causas-raiz de como o SARS-CoV-2 se tornou o flagelo deste último ano e pouco. A principal conclusão é a confirmação da suspeita de que a acelerada destruição dos ecossistemas em escala global aumentam o risco de doenças. As principais causas, segundo o trabalho, são “a ocupação humana, a exploração de recursos naturais e a alta intensidade do agronegócio e da agricultura industrial.” A destruição de ecossistemas coloca o homem em contato direto com novos vetores. Uma biodiversidade rica protege o homem desses vetores ao diluir populações de uma única espécie e reduzir a chance de um contato direto com patógenos. O objetivo do trabalho foi o de “evitar tanto a reinfecção pelo vírus em animais e humanos quanto o estabelecimento de novos reservatórios zoonóticos, reduzindo assim ainda mais os riscos do surgimento e da transmissão de (novas) doenças.” O trabalho foi um esforço conjunto da OMS, da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) e da OIE (Organização Mundial da Saúde Animal). Vale ver o release do Greenpeace.

A Amazônia teria tudo para ter originado pandemias: um dos territórios mais biodiversos do planeta propiciando o surgimento de variantes de vírus e bactérias e de vetores para sua disseminação. Nas últimas décadas, um desmatamento desenfreado colocou o homem cada vez mais perto de tudo isso. No entanto, a Amazônia é considerada uma área de baixo risco de emergência de doenças zoonóticas. Acaba de sair um relatório da Conservation International examinando a atual realidade amazônica e recomendando ações para diminuir ainda mais esse risco. A primeira é parar de desmatar. Como vírus e bactérias não se importam com a letra da lei nem fronteiras, o mais simples é parar completamente o desmatamento. O segundo, igualmente crucial, é fortalecer aqueles que melhor protegem a floresta – as populações indígenas, começando por coibir invasões. Finalmente, recomendam alavancar financiamentos e sistemas que promovam um real desenvolvimento sustentável para quem lá vive, valorizando a floresta em pé. A publicação saiu em Português e em Inglês.

 

ClimaInfo, de abril de 2021.

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