Nome aos bois: quem promoveu o desmatamento no Cerrado e na Amazônia em 2020

Cerrado Amazônia

De Olho nos Ruralistas deu nome aos bois, revelando alguns dos que promoveram o desmatamento no Cerrado e na Amazônia em 2020. Em quatro relatórios trimestrais, resultantes de pesquisa realizada em parceria com o consórcio Rapid Response, aparecem nomes como o do médico e deputado estadual Deodalto Ferreira, o Doutor Deodalto (DEM-RJ), dono de, pelo menos, seis fazendas em Rondon do Pará (PA). Ele aparece junto ao senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) nas investigações das “rachadinhas” da Alerj.

Também figuram nos relatórios empresas conhecidas do agronegócio, como a AgroSB, do banqueiro Daniel Dantas; a Calyx Agro, da trading francesa Louis Dreyfus; e a Agrícola Xingu, do grupo japonês Mitsui. Outras histórias estão relacionadas a madeireiras e a casos históricos de grilagem, com destaque para a Operação Faroeste, na Bahia.

Os relatórios darão origem a uma série especial de reportagens, que abre com a história da Fazenda Bom Jardim, em Formosa do Rio Preto (BA), a qual suprimiu 5.200 hectares dos 21.211 sob alerta de desmatamento no Cerrado em 2020, de acordo com o levantamento. Entre seus proprietários está o dono da Le Postiche, Álvaro Miguel Restaino.

Realizado a partir do cruzamento dos alertas de desmatamento emitidos pelo Sistema de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal (PRODES) e pelo Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (DETER), com imagens de satélite para confirmação visual, o trabalho inclui o cruzamento dos dados com informações do Sistema de Gestão Fundiária do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (SIGEF/INCRA), do Sistema Nacional de Cadastro Ambiental Rural (SiCAR) e de outras bases públicas para confirmação da titularidade das terras. Outros sistemas são utilizados, então, para verificação das relações empresariais e comerciais de cada propriedade, dentro e fora do país.

Em relação aos biomas, a Amazônia concentra onze alertas, contra nove no Cerrado. As áreas em risco, no entanto, são maiores no segundo: ao todo, os alertas de desmatamento registrados pela Rapid Response no Cerrado somaram 21.211 hectares, enquanto na Amazônia somaram 11.688 ha.

Detalhe: boa parte dos desmatamentos registrados pelo Rapid Response ocorreu já com a pandemia de COVID-19 em curso. Dos vinte casos identificados pelo consórcio, dezesseis foram registrados após o decreto de calamidade pública de 20 de março de 2020.

 

ClimaInfo, 6 de abril de 2021.

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