Três de cada quatro membros do Conselho de Administração de sete dos maiores bancos americanos têm laços com as grandes empresas da indústria fóssil dos EUA. A pressão sobre o setor financeiro para desinvestir nos fósseis está gerando um claro conflito de interesse no seio desses Conselhos. Uma matéria do The Guardian ilustra esse conflito com o projeto do trecho americano de mais um megaduto, chamado de Line 3, que pretende transportar os combustíveis fósseis dos campos do norte do Canadá até os EUA. A queima do óleo transportado por este duto, pouco menos de 1 milhão de barris por dia, seria o equivalente às emissões de 50 novas térmicas a carvão. Sobre o projeto, por ora, tanto o governo Biden como os bancos não estão dando atenção aos grupos nativos, preocupados com a contaminação de fontes de água, nem com protestantes se acorrentando à porta dos bancos. A dona do duto, a Enbridge, obteve empréstimos de mais de US$ 11 bilhões e lançou mais de US $5 bilhões em debêntures através de um conjunto de nove bancos. Seis dessas instituições anunciaram metas de net-zero para suas operações e de alinharem suas carteiras com as metas de Paris.
Por conta dessa zona cinzenta do setor financeiro prometendo Paris e entregando fósseis, o FSB (Financial Stability Board, conselho do G20 para o setor) promete padronizar o que e como divulgar dados, metas e compromissos climáticos do setor. Algo como definir que “zero” quer dizer “zero”. O novo padrão deve sair em julho, junto com um guia coordenado e prospectivo para enfrentar os riscos financeiros relacionados ao clima. A Forbes e a Reuters comentaram o anúncio do FSB.
O net-zero também está no topo da pauta da área econômica dos países do G7. O Ministro das Finanças do Reino Unido, anfitrião da reunião que aconteceu na 3a feira passada (6/4), declarou que “os ministros da Fazenda e os presidentes dos bancos centrais discutiram os papéis-chave de seus ministérios e bancos centrais na transição para o net-zero, e como as políticas climáticas complementam e ampliam o papel do setor privado no financiamento da ação climática.” A notícia é da Reuters.
ClimaInfo, 8 de abril de 2021.
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