Hidrogênio renovável pode desbancar gás natural nesta década

8 de abril de 2021

A indústria fóssil inventou o “hidrogênio azul” produzido a partir da reforma do gás natural. Para ficar mais bonito, prometem enterrar todas as emissões do processo. Alegam, também, que o custo de produção será o menor do mercado. Parece que não mais. A BloombergNEF acaba de soltar sua atualização dos custo nivelado do hidrogênio (Hydrogen Levelized Cost Update) dizendo que produzir um quilo de hidrogênio a partir de fontes limpas de eletricidade sairá US$ 2 em 2030 e menos de US$ 1 até 2050. O hidrogênio azul “bem escuro” só seria competitivo até o final da década. Isto indica que construir uma planta azul “bem escuro”, hoje, pode nunca se pagar e virar mais um ativo fóssil encalhado. Mesmo sem o pesado  investimento em captura e armazenamento de carbono, o hidrogênio azul “bem escuro” deixa de ser competitivo em menos de 30 anos. O analista-chefe da área de hidrogênio da BNEF, Martin Tengler, disse que “custos de produção de hidrogênio tão baixos podem redesenhar completamente o panorama energético (mundial).” A queda nos custos vem na esteira da queda do preço da eletricidade fotovoltaica. O relatório também atualiza as previsões de seu custo – desta vez, o custo em 2050 será 40% menor do que eles haviam previsto em 2019. O relatório, pago, ainda não está no site do BNEF, mas foi comentado no Recharge, EQ International  e Green Car Congress.

Em tempo 1: Os franceses não querem perder a onda do hidrogênio. Segundo a Renewable Energy e a Tecmundo, a Compagnie Fluvial de Transport está desenvolvendo o primeiro navio de carga movido a hidrogênio para navegar nos rios da Europa. A rede europeia de transporte fluvial se estende por mais de 37.000 km e transporta, anualmente, cerca de 550 milhões de toneladas de grãos, areia, produtos químicos e contêineres. Na mesma onda, a estatal ferroviária francesa, SNFC, encomendou 12 locomotivas a hidrogênio para a também francesa Alstom. Eles devem começar a operar daqui a dois anos. A notícia saiu na France 24 e na Globe Newswire.

Em tempo 2: Caminhões elétricos podem em breve desafiar o diesel em um segmento onde o fóssil era considerado imbatível – o transporte de cargas em longas distâncias. Um artigo que acaba de sair na Joule, argumenta que, ao invés de buscar baterias que garantam grande autonomia, o avanço se dará com baterias mais rápidas de recarregar e uma rede de alta densidade de pontos de recarga. Talvez isso sirva para a Europa e para boa parte dos EUA. Aqui, faria sentido para a região onde se transporta mais carga: o entorno do triângulo São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. O trabalho foi feito por pesquisadores da SEI (Stockholm Environment Institute) e comentado na Reuters.

 

ClimaInfo, 9 de abril de 2021.

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