Amazônia: desmatamento atinge maior índice para o mês de março

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O desmatamento na Amazônia voltou a crescer em março. Segundo dados do DETER, do INPE, a floresta perdeu 367,61 km2 de área vegetal, o maior índice para o mês de março desde o início do monitoramento, em 2015. Com relação a março de 2020, o mês passado registrou um aumento de 12,6% no ritmo de desmate.

A escalada acontece depois da Amazônia acumular dois meses com taxas de desmatamento em queda e prenuncia mais problemas adiante: com a chegada da temporada seca na região, o ritmo de desmatamento tende a subir.

O fim da Operação Verde Brasil 2, junto com o persistente enfraquecimento e desmantelamento dos órgãos de proteção ambiental federais, também trazem mais motivos para preocupação.

Como Giovana Girardi observou no Twitter, o acumulado de alertas desde agosto de 2020, primeiro mês do calendário anual de observações, segue bastante alto: 4.262 km2 de área de floresta perdida em oito meses, um total superado apenas pelo registrado no período agosto/2019-março/2020 (5.273 km2).

A Reuters destacou a inconveniência desse aumento no desmatamento para Bolsonaro, já que ela acontece a poucas semanas da cúpula climática convocada por Joe Biden nos dias 22 e 23 de abril. Desde o mês passado, EUA e Brasil vêm negociando os termos de um acordo para o combate ao desmatamento na Amazônia. Um dos pontos que está travando o entendimento é exatamente a incapacidade (ou indisposição, a depender do ponto de vista) do governo brasileiro em fazer o básico: ao menos conter o avanço do desmatamento. A Casa Branca está disposta a injetar recursos financeiros neste esforço, mas condicionando-os a resultados concretos por parte do Palácio do Planalto.

CNN Brasil, Época, Estadão, Folha, G1 e R7 também repercutiram os novos dados do desmatamento na Amazônia.

Em tempo 1: Jonathan Watts escreveu no Guardian sobre a preocupação de ambientalistas e aliados políticos de Biden com um eventual acordo entre o presidente norte-americano e Bolsonaro. Para a Casa Branca, a questão é prática: não dá para retomar a diplomacia climática global sem incluir o Brasil e a proteção da Amazônia na equação. No entanto, persiste a desconfiança acerca dos interesses reais do governo brasileiro – e do uso efetivo que ele quer dar aos milhões de dólares que pretende obter da comunidade internacional.

Em tempo 2: No Mongabay, Caio de Freitas Paes fez um balanço do envolvimento das Forças Armadas no combate ao desmatamento e às queimadas na Amazônia. O encerramento da Operação Verde Brasil 2, previsto para o final deste mês, deixa um gosto amargo na boca daqueles que defendem a proteção da floresta: mesmo com recursos substanciais (muitas vezes, às custas do orçamento de órgãos ambientais), os militares fracassaram em seu esforço e foram testemunhas de um aumento histórico do desmatamento no último ano.

 

ClimaInfo, 12 de abril de 2021.

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