Biden inclui liderança indígena brasileira na cúpula climática

22 de abril de 2021

O Brasil não terá apenas Bolsonaro como representante nacional entre os participantes da cúpula climática desta 5a feira. Segundo Jamil Chade informou no UOL, o presidente Joe Biden convidou também Sinéia Wapichana (Sinéia Bezerra do Vale) da Terra Indígena Raposa Serra do Sol e do Conselho Indígena de Roraima, que participará de uma sessão especial com representantes indígenas de outros países e lideranças subnacionais, como a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, e a governadora de Tóquio, Yuriko Koike. Sinéia deve levar um discurso fortemente crítico ao governo Bolsonaro na cúpula, com o potencial de causar mais constrangimentos internacionais ao Planalto.

No Estadão, Beatriz Bulla escreveu sobre o foco dos EUA nas rodadas mais recentes de conversas com o Brasil. Enquanto Salles e os representantes brasileiros insistem em pedir dinheiro, o foco dos negociadores norte-americanos está em ações concretas que podem ser tomadas no curto prazo para diminuir o desmatamento da Amazônia nos próximos meses. Felipe Gutierrez também abordou essa questão no G1, destacando a expectativa dos EUA em torno de metas climáticas mais ambiciosas da parte do Brasil.

Entretanto, a insistência do governo brasileiro em exigir dinheiro em troca de combater o desmatamento intensifica o mau humor internacional com o país. Como Sergio Leo escreveu na Piauí, o recado de Joe Biden para Bolsonaro foi claro: o Brasil já mostrou ser capaz de reduzir o desmatamento com recursos próprios e o crescimento acentuado da destruição florestal corroeu também a credibilidade internacional do país. “O aviso não foi levado a sério pelo presidente Jair Bolsonaro nem pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, seu porta-voz oficial nesse tema. E o tema meio ambiente tornou-se o principal desafio da política externa e da relação do país com os Estados Unidos”.

Na BBC Brasil, Mariana Schreiber também abordou esse ponto e explicou como as demandas brasileiras por mais dinheiro sem se comprometer com resultados concretos e imediatos de redução de desmatamento intensificou a desconfiança dos governos estrangeiros com Brasília. Em entrevista para Caio Quero, o consultor político Ian Bremmer (Eurasia) ressaltou que a posição dos EUA ainda é em favor de um acordo com o Brasil, mas apenas se o governo brasileiro se comprometer com progressos substanciais e cuidadosamente monitorados na proteção do meio ambiente.

Em tempo: A falta de credibilidade internacional do governo Bolsonaro é o pano de fundo de três reportagens publicadas por grandes veículos norte-americanos nos últimos dias. Do “progressista” NY Times até o “conservador” Wall Street Journal, passando pela revista Time, a pergunta é a mesma: podemos confiar nas promessas ambientais de alguém que lidera um governo tão irresponsável no tema ambiental? A resposta pode não agradar ao Palácio do Planalto. A Deutsche Welle também abordou essa questão.

 

ClimaInfo, 22 de abril de 2021.

Se você gostou dessa nota, clique aqui para receber em seu e-mail o boletim diário completo do ClimaInfo.

x (x)

Continue lendo

Assine nossa newsletter

Fique por dentro dos muitos assuntos relacionados às mudanças climáticas

Em foco

Aprenda mais sobre

Glossário

Este Glossário Climático foi elaborado para “traduzir” os principais jargões, siglas e termos científicos envolvendo a ciência climática e as questões correlacionadas com as mudanças do clima. O PDF está disponível para download aqui,
1 Aulas — 1h Total
Iniciar