O que o Brasil fará (e não fará) na cúpula climática

22 de abril de 2021

A cúpula climática que começa hoje (22/4) poderia ser uma oportunidade única para o Brasil recuperar seu prestígio internacional e seu papel como liderança global nas discussões sobre meio ambiente e mudança do clima. No entanto, como Cristina Serra observou na Folha, o governo Bolsonaro preferiu incorporar o vira-latismo nas discussões com os EUA em detrimento de qualquer medida que representasse uma mudança daquilo que tem sido a regra na atual gestão: desmantelamento e destruição.

Com o desmatamento da Amazônia em alta, o orçamento do meio ambiente estrangulado, os órgãos de fiscalização desmoralizados e a boiada passando com toda a força no Executivo e, agora, no Legislativo, o Brasil terá pouco a apresentar fora as promessas de sempre. Folha e O Globo informaram que Bolsonaro pretende fazer um discurso “moderado”, no qual anunciaria mais ações de combate ao desmatamento – mas sem recursos novos para tanto. Também n’O Globo, Malu Gaspar e Mariana Carneiro descreveram a estrutura do “plano” a ser apresentado por Bolsonaro para os líderes internacionais, organizado em torno de cinco eixos: comando e controle, regularização fundiária, pagamentos por serviços ambientais, zoneamento ecológico-econômico, e promoção da bioeconomia. Como elas lembram, esses são talking-points comuns de Ricardo Salles nas conversas com representantes estrangeiros, o que mostra que o presidente não pretende mudar a forma e o conteúdo do discurso do governo sobre essa questão. A Folha também abordou os pontos que devem estar presentes no discurso do presidente.

Uma das “boias” nas quais Bolsonaro se apoiará em sua fala é o Plano Agricultura de Baixo Carbono (ABC), recém-renovado pela ministra Tereza Cristina. A iniciativa, agora sob o nome ABC+, busca apoiar a adoção de práticas e tecnologias de baixa emissão de gases de efeito estufa na agricultura brasileira, foi estendida até 2030. Por ora, o governo ainda não deu detalhes sobre instrumentos e objetivos para o novo período, mas a ministra apontou que uma das novas metas do Plano ABC+ será apoiar os pequenos produtores e a agricultura familiar, além de incluir dois novos programas (para irrigação e confinamento). G1 e Valor destacaram o anúncio.

Em tempo: Sobre a lorota empurrada por Salles nos últimos dias, de que o Brasil é responsável por apenas 3% das emissões globais de carbono (na verdade, a representatividade é ligeiramente maior, em torno de 5%), Bruno Alfano traz n’O Globo uma perspectiva interessante para considerar esse dado. O problema não está no tamanho das emissões do Brasil na comparação com o resto do mundo, mas sim no potencial dessas emissões subirem descontroladamente caso a Amazônia siga sendo devastada.

 

ClimaInfo, 22 de abril de 2021.

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