Depois dos cortes no orçamento ambiental feitos por Bolsonaro, Salles pede mais verbas no Congresso

Salles corte orçamento meio ambiente

Uma semana após ser desancado na Câmara dos Deputados, Ricardo Salles teve a oportunidade de falar nesta 2ª feira (3/5) em um ambiente mais amigável, controlado por uma sua aliada política. Durante audiência da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara, Salles reconheceu que o orçamento federal para 2021 é insuficiente para dar cabo de todas as responsabilidades da pasta.

Embora os cortes tenham sido decididos pelo próprio governo e validados pelo presidente Bolsonaro, Salles preferiu colocar a culpa da penúria orçamentária ambiental do Brasil na conta do Partido dos Trabalhadores, o mesmo que está longe do governo há cinco anos. Em uma “pirueta retórica”, ele lembrou que o orçamento da pasta vem caindo desde 2013, em uma tentativa de associar a diminuição nos recursos em meados da década passada com as tesouradas dadas por Bolsonaro e Guedes nos últimos dois anos.

Salles foi questionado pelos deputados sobre seu envolvimento na defesa de madeireiros suspeitos de crimes ambientais na Amazônia. Nisto o ministro contou com a boa vontade da presidente da Comissão (e aliada política), Carla Zambelli, e da bancada bolsonarista presente à sessão, que se dedicaram com afinco à defesa de Salles, com direito às grosserias características do grupo contra os deputados da oposição.

O ministro também teve seu momento “oops” durante uma resposta sobre o Fundo Amazônia, quando ele trocou o nome da Noruega, principal país doador, pelo da Venezuela, inimigo ideológico preferido do bolsonarismo. Salles ainda pediu aos parlamentares que apresentem emendas orçamentárias adicionais para ajudar a financiar as ações do ministério neste ano.

CNN Brasil, Época, G1, O Antagonista, Poder360 e Valor, entre outros, destacaram trechos das falas de Salles na Câmara.

Em tempo 1: Um levantamento destacado pela Carta Capital mostrou o tamanho da boiada que Salles passou em cima da política ambiental brasileira. Apenas no último ano, ele assinou 721 medidas: no conjunto, constam 76 reformas institucionais, 36 medidas de desestatização, 36 revisões de regras, 34 de flexibilização, 22 de desregulação e 20 revogaços, de acordo com dados do Política por Inteiro. As ações foram tomadas no auge da crise ambiental, com o desmatamento e as queimadas disparando na Amazônia e no Pantanal, a falta crônica de recursos e infraestrutura dos órgãos ambientais federais e o desgaste que tudo isso causou ao Brasil no cenário internacional.

Em tempo 2: Na Folha, Danielle Brant e Gustavo Uribe fizeram um panorama da atuação da deputada Carla Zambelli, que ganhou espaço na Câmara neste ano ao assumir o comando da Comissão de Meio Ambiente da Casa. Aproveitando a nova posição de poder, Zambelli imprimiu a filosofia da “boiada” nas deliberações do colegiado, pautando projetos de interesse do governo e ignorando questões mais urgentes.

 

ClimaInfo, 4 de maio de 2021.

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