O hard power internacional em tempos de crise climática

4 de maio de 2021

O retorno dos EUA ao tabuleiro político internacional do clima trouxe novamente à tona análises acerca do peso da questão climática na segurança global nas próximas décadas. A Economist destacou a movimentação de forças armadas e especialistas de defesa nos EUA e na Europa para incluir definitivamente o fator climático dentro das considerações securitárias. Já há algum tempo, o setor debate os impactos potenciais da crise climática sobre a estabilidade e a segurança global, mas ainda há pouco entendimento acerca do impacto climático das próprias forças militares. Falta o básico para se fazer essas análises: informação. Até o Protocolo de Quioto, as emissões associadas a ações militares eram isentas das obrigações de mitigação dos países. Isso só mudou a partir de 2015, com o Acordo de Paris. No entanto, o tempo perdido traz problemas importantes para estimar não apenas o impacto dos militares sobre o clima, mas também o risco atrelado à sua infraestrutura, a operações e investimentos.

Em termos geopolíticos, a questão climática também desponta como um dos pontos mais importantes – e problemáticos – para o equilíbrio de forças entre as grandes potências globais. No NY Times, David Sanger abordou o apelo de Joe Biden, feito em discurso ao Congresso dos EUA na semana passada, para que o país avance rumo à descarbonização de sua economia como pré-condição crucial para competir economicamente (e, de maneira subentendida, politicamente) com a China nas próximas décadas. Aqui, a linha entre a necessidade dos EUA de cooperar e de competir com chineses e russos é bastante tênue.

Ao mesmo tempo, os impactos da mudança do clima sobre a segurança internacional não escapam dessas análises. No Guardian, Frans Timmermans, vice-presidente da Comissão Europeia, ressaltou que os países precisam avançar bastante nas transição e consolidação de uma economia descarbonizada para afastar eventuais riscos de conflitos armados e sociais. “Não é apenas um assunto urgente – é um assunto difícil. Temos que transformar nossa economia. Os benefícios são enormes, mas é um grande desafio”, disse Timmermans. “A maior ameaça é a social. Se não consertarmos isso, nossos filhos travarão guerras por água e comida. Não há dúvida em minha mente”.

 

ClimaInfo, 4 de maio de 2021.

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