A Justiça Federal do Amazonas determinou na última 3ª feira (4/5) que a Polícia Federal devolva uma carga de madeira e maquinários apreendida durante a Operação Handroanthus, realizada no final de 2020 na divisa entre Amazonas e Pará e que resultou na maior apreensão de madeira suspeita da história do Brasil. A operação está no centro da polêmica recente do ministro Ricardo Salles, que vem atuando em favor dos madeireiros suspeitos e que protagonizou uma discussão pública com o então superintendente da PF no AM, Alexandre Saraiva. Antes de deixar o cargo, no final de abril, Saraiva encaminhou ao Supremo Tribunal Federal uma notícia-crime acusando Salles de tentar interferir nas investigações da PF.
De acordo com decisão da juíza Maria Elisa Andrade, da 7ª Vara Federal Ambiental e Agrária da Justiça Federal do AM, os materiais de propriedade da Associação Comunitária da Gleba Curumucuri, sediada no Pará, deverão ser devolvidos pela PF. Para a juíza, os indícios levantados pela investigação são “frágeis”. A decisão ainda cabe recurso. Estadão, G1, O Globo e Valor deram mais detalhes.
Enquanto isso, a Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu esclarecimentos a Ricardo Salles no âmbito da denúncia feita pelo delegado Saraiva no mês passado. Segundo o G1, o Ministério Público Federal espera pela resposta do ministro para avaliar se pedirá a abertura de inquérito para apurar a conduta de Salles na defesa dos madeireiros suspeitos na Amazônia.
Em tempo: O Fakebook teve acesso a um levantamento feito pelo Ibama para o Tribunal de Contas da União (TCU) que explicitou a paralisia administrativa imposta por Salles sobre o sistema de fiscalização e autuação ambiental no Brasil. Desde que o modelo de “conciliação” foi criado pelo governo, no começo de 2019, menos de 2% das autuações ambientais passaram por audiências conciliatórias. Entre abril de 2019 e abril de 2021, fiscais do Ibama lavraram 14,9 mil autos de infração; no entanto, pouco mais de 250 audiências foram realizadas até o momento.
ClimaInfo, 6 de maio de 2021.
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