A matemática fajuta de Salles sobre o orçamento para o meio ambiente

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A participação de Ricardo Salles em reunião da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara, na última 2ª feira (3/5), foi um show de desinformação da parte do ministro. O Fakebook checou as diversas falácias ditas por Salles durante o evento, conduzido por sua aliada, deputada Carla Zambelli, e repleto de representantes da bancada bolsonarista na Câmara.

Uma delas é a terceirização ensaiada por Salles para as acusações de estrangulamento orçamentário do ministério do meio ambiente, que ele pôs na conta do governo Dilma Rousseff. No entanto, todos os dados relativos ao orçamento citados por Salles foram distorcidos para minimizar os cortes orçamentários substanciais promovidos pela gestão Bolsonaro nos últimos anos. Outra falácia, bastante repetida por Salles, é de que o Fundo Amazônia estaria paralisado por determinação unilateral da Noruega, principal doadora. Como o Fakebook bem lembrou, a paralisação se deve principalmente à extinção do Comitê Orientador do Fundo por parte do governo federal em abril de 2019. Isso comprometeu a governança do Fundo, descumprindo o acordo entre Brasil e os países doadores e impossibilitando novos repasses. O Eco também publicou o fact-check feito pelo Fakebook.

Enquanto isso, mais de R$ 23 milhões obtidos pelo governo federal por meio de um acordo entre Petrobras e Ibama para quitar multas ambientais vão acabar nos cofres do ministério da justiça. Como destacou André Borges no Estadão, a pasta receberá esses recursos para bancar o uso da Força Nacional de Segurança Pública (FNSP) para apoiar as ações de fiscalização do Ibama na Amazônia nos próximos meses. Curiosamente, o mesmo ministério da justiça cancelou um contrato de R$ 30 milhões que mantinha com o Fundo Amazônia, voltado justamente para a FNSP. Enquanto o governo brinca de peteca orçamentária, o IBAMA e o ICMBio seguem à míngua, sucateados e com orçamento escasso.

Em tempo: Parlamentares ruralistas se movimentam para avançar com o projeto de flexibilização do licenciamento ambiental na Câmara dos Deputados. Ao Estadão, o relator da matéria (e vice-presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária), deputado Neri Geller (MT), disse que pretende levar o projeto ao plenário da Câmara já na próxima semana. Repetindo um jargão (ou será bordão?) comum em Brasília nos tempos de Bolsonaro, ele prometeu que o projeto terá “zero ideologia”.

 

ClimaInfo, 7 de maio de 2021.

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