Servidor do IBAMA é intimidado após denunciar paralisia das autuações ambientais sob Salles

IBAMA funcionário intimidado

Mais uma vez, o Ibama foi alvo de pressões e intimidações por parte do comando do ministério do meio ambiente. De acordo com a Associação dos Servidores da Carreira de Especialistas em Meio Ambiente e do PECMA do Distrito Federal (ASIBAMA-DF), o servidor responsável por uma nota informativa encaminhada ao Tribunal de Contas da União (TCU) teve seu computador apreendido pela direção do órgão e recebeu cobranças de um superior e de um assessor do MMA.

A pressão se deve por conta do teor do documento enviado ao TCU, que descreve o cenário de paralisia no IBAMA causado pelas mudanças na área de gestão de multas ambientais. Feita a pedido do próprio TCU, que realiza uma auditoria no IBAMA, a nota elenca uma série de ações tomadas pela gestão de Ricardo Salles que fragilizaram e, na prática, suspenderam a emissão e cobrança de multas ambientais.

O texto foi assinado pelo analista ambiental Hugo Leonardo Mota Ferreira, que, além de perder seu computador de trabalho, também foi retirado de seu escritório na sede do IBAMA, em Brasília. Segundo André Borges no Estadão, as ordens foram dadas pelo superintendente de apuração de infrações ambientais do órgão, o tenente-coronel da Polícia Militar de São Paulo, Wagner Tadeu Matiota. A Revista Fórum também repercutiu essa notícia.

Em resposta, o deputado federal Marcelo Freixo (RJ) encaminhou um requerimento ao ministro Ricardo Salles pedindo esclarecimentos sobre o episódio. Na solicitação, Freixo requisitou informações sobre os motivos pelos quais o servidor foi retirado de seu escritório e teve seu computador de trabalho apreendido. O UOL deu mais detalhes.

Em tempo: O desembargador federal Cândido Ribeiro, do Tribunal Regional Federal da 1a Região (TRF-1) concedeu habeas corpus preventivo a executivos da empresa Rondobel, investigada pela Polícia Federal na Operação Handroanthus por suspeita de exploração e comércio de madeira ilegal na Amazônia. A empresa está no centro da polêmica em torno da atuação de Salles em favor de madeireiros suspeitos de ilegalidades ambientais. No mês passado, o então superintendente da PF no Amazonas, Alexandre Saraiva, encaminhou ao Supremo Tribunal Federal uma notícia-crime acusando Salles de tentar interferir nas investigações. O Globo deu mais informações sobre a decisão da Justiça.

 

ClimaInfo, 10 de maio de 2021.

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