Jair Bolsonaro é um entusiasta das redes sociais, utilizadas por ele como uma ferramenta não apenas de comunicação, mas também de mobilização de seus seguidores e de pressão política. Curiosamente, no que diz respeito à Amazônia, o presidente tem uma conduta mais tímida, com poucas postagens sobre a floresta. A maior parte delas sequer trata da proteção da floresta, calcanhar de Aquiles de seu governo, mas sim replica jargões típicos do discurso bolsonarista, como exploração econômica e ameaça à soberania brasileira. O Monitor da Política Ambiental, ferramenta da Folha de São Paulo que acompanha a publicação de regras e atos relativos ao meio ambiente pelo governo federal, fez uma análise das postagens de Bolsonaro e também de outras 349 autoridades brasileiras e de especialistas ambientais.
Da parte do presidente, o levantamento identificou 344 tuítes ligados ao tema ambiental. O assunto que mais mereceu destaque por parte dele foi transporte (103 posts). A Amazônia foi alvo de 59 postagens, sendo que 19 falavam sobre desenvolvimento econômico e 17 sobre soberania. Juntas (36), elas tiveram mais atenção do que a preservação da floresta (28). A análise também apontou que as postagens de Bolsonaro sobre preservação não costumam acontecer nos períodos de alta no desmatamento. Nessas ocasiões, o tom da reação presidencial no Twitter é mais nacionalista e defensivo, em resposta a eventuais críticas internacionais ao governo. Por exemplo, no auge das queimadas amazônicas de 2019, os posts de Bolsonaro sobre o tema buscavam minimizar o problema e atacar críticos no exterior, como o presidente francês Emmanuel Macron.
A Folha também destacou análises de especialistas sobre os resultados do levantamento, que ressaltaram a visão de mundo ultrapassada, com resquícios fortes da narrativa de ocupação agressiva dos tempos da ditadura militar, que move Bolsonaro nas postagens sobre Amazônia nas redes sociais. Não à toa, o presidente costuma mostrar fotos e vídeos de obras como pavimentação de estradas, projetos de ferrovias e outras obras de infraestrutura logística na região.
ClimaInfo, 11 de maio de 2021.
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