Enchentes de rios podem forçar populações a virar refugiados climáticos

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Uma enchente pode ser um fato isolado que força uma evacuação temporária. Mas quando elas se tornam um “novo normal”, destruindo casas e lavouras, voltar deixa de ser uma opção. Estima-se que enchentes de rios estejam por trás do deslocamento de mais de 140 milhões de pessoas desde 2008 – 63% a mais do que as que fugiram de conflitos e violências. Um trabalho que saiu na Science mostra que, mantendo a população nos números atuais, para 1oC adicional de aquecimento global, o risco de deslocamento de populações aumenta 50%. Agregando o provável aumento populacional até o final do século, em um cenário com aquecimento global chegando a 3oC, o risco de deslocamento é 3,5 vezes maior do que se o aquecimento não passar de 2oC quando este risco já é o dobro do verificado atualmente. O trabalho foi comentado no EurekAlert.

A população de Bangladesh já é uma das mais atingidas. O país é atravessado por 3 dos grandes rios himalaios: o Ganges se encontra com o Brahmaputra formando o Padma que, um pouco mais ao sul, se junta com o Mehgna. Além do risco de enchentes destes rios causados pelo maior derretimento das geleiras himalaias, a grande planície que cobre 1/3 do território está a poucos metros acima do nível do mar. Outro trabalho que saiu na Earth’s Future faz projeções das implicações climáticas de um mar mais alto para as mais de 1 milhão de pessoas que serão forçadas a migrar. O trabalho sugere que haverá uma dispersão dessa população pelos seus 64 distritos. Inclusive a capital, Daca, verá sua população diminuir.

Tim Radford, no Climate News Network, comentou os dois trabalhos.

Em tempo: A pior seca dos últimos 40 anos em Madagascar coloca mais de um milhão de habitantes, 4% da população, sob grave risco de fome este ano. A seca reduziu à metade a expectativa da colheita no sul da ilha. Julie Reversé, do Médicos Sem Fronteiras, disse: “Sem chuva, eles não poderão voltar aos campos e alimentar suas famílias. E alguns não hesitam em dizer que é a morte que os espera se a situação não mudar, e a chuva não cair”. A notícia é do The Guardian.

 

ClimaInfo, 12 de maio de 2021.

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