Fiscalização furada: Salles anuncia dia e local de operação contra desmatamento na Amazônia

Salles avisa fiscalização ambiental

Parece piada, mas é verdade. O Diário Oficial da União confirmou nesta 3ª feira (11/5) a transferência provisória do gabinete do ministro Ricardo Salles para o Pará entre os próximos dias 11 e 15, junto com a direção do IBAMA e do ICMBio. Segundo a publicação, o comando do ministério do meio ambiente estará nos municípios de Altamira, Uruacá, Placas, Rurópolis e Itaituba para acompanhar uma operação conjunta de fiscalização e combate a ilegalidades junto com a Força Nacional de Segurança Pública. Ou seja, se você for um garimpeiro, grileiro, madeireiro ou qualquer outro criminoso ambiental que opera nessas áreas, o governo Bolsonaro está dando todas as chances para que você se safe da “fiscalização”. Não será por falta de aviso, por assim dizer. Estadão, O Eco e UOL destacaram esse absurdo.

Enquanto isso, o analista ambiental Hugo Ferreira, servidor responsável pela nota técnica sobre a paralisia do sistema de fiscalização e autuação do IBAMA que foi encaminhada ao Tribunal de Contas da União (TCU) na semana passada, apresentou denúncia à corregedoria e à comissão de ética do órgão. No documento, ele pede providências contra o superintendente de apuração de infrações ambientais do IBAMA, Wagner Tadeu Matiota, e Leopoldo Penteado Butkiewicz, assessor de Salles no ministério. Um dia após encaminhar a nota técnica ao TCU, Ferreira teve seu computador de trabalho apreendido e foi impedido de entrar em seu escritório na sede do IBAMA, em Brasília. O Eco detalhou a denúncia.

E por falar em denúncia, o Ministério Público Federal está investigando a concessão feita pelo ICMBio no Parque Nacional da Tijuca, no Rio de Janeiro. Segundo Ancelmo Gois, n’O Globo, o alvo seria o leilão de três dos cinco espaços disponíveis para exploração comercial nos pés do Cristo Redentor, no Corcovado. O MPF acusa Salles de prejudicar o grupo Cataratas no processo de concessão.

Em tempo: O Estadão destacou um levantamento inédito do IPAM que mostrou como os grileiros estão aproveitando o Cadastro Ambiental Rural (CAR) para reivindicar áreas de Floresta Pública ocupadas ilegalmente. Até o final de 2020, cerca de 18,6 milhões de hectares de floresta foram declarados ilegalmente como propriedades rurais dentro do sistema nacional do CAR.

 

ClimaInfo, 12 de maio de 2021.

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