Ataque aos Yanomami: “Temos medo de um massacre”, diz representante indígena

13 de maio de 2021

O ambiente é de tensão e medo na comunidade de Palimiú, na Terra Indígena Yanomami, em Roraima. Depois de ser atacada a tiros por um grupo de garimpeiros, existe grande preocupação sobre o risco de uma nova invasão, ainda mais agressiva e violenta, por parte dos criminosos. Na 3ª feira (11/5), policiais federais que foram até a região após o primeiro ataque chegaram a trocar tiros com uma embarcação com garimpeiros, sem deixar feridos.

À Deutsche Welle, Júnior Hekurari Yanomami, membro do Conselho Distrital de Saúde Indígena (CONDISI), disse que a comunidade teme o retorno dos criminosos em um novo ataque. A presença do Exército na região não passa tranquilidade aos indígenas, pelo contrário: como informou Fabiano Maisonnave na Folha, grupos Yanomami encaminharam ao comando do Exército e ao Ministério Público Federal uma reclamação contra o comandante do 5º Pelotão Especial de Fronteira (PEF), sob a acusação deste agir de maneira autoritária contra a comunidade de Maturacá, também na TI Yanomami, mas no Amazonas. Eles também criticam a prisão de um jovem Yanomami, acusado por militares de tentativa de estupro no final de abril contra a esposa de um soldado do PEF: na carta, os indígenas não negam a agressão, mas dizem que a pessoa detida é inocente e foi presa de maneira ilegal.

Ao mesmo tempo, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) um pedido para que o governo federal remova imediatamente os garimpeiros ilegais que atuam na TI Yanomami. A petição foi entregue ao ministro Luís Roberto Barroso, relator da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) que acusa a União de se omitir no combate à pandemia nas aldeias indígenas. O Globo deu mais detalhes sobre a ação.

O ataque dos garimpeiros evidenciou a vulnerabilidade do Povo Yanomami, que vem sofrendo com a omissão do poder público no tratamento médico contra a COVID-19 e na defesa de sua integridade física contra criminosos. Na semana passada, o retrato de uma criança Yanomami desnutrida e doente viralizou na internet, gerando uma comoção internacional. Em editorial, a Folha associou o desastre da pandemia com o desmantelamento da política ambiental e os ataques sucessivos do governo Bolsonaro aos Povos Indígenas nos últimos anos. Já a fotógrafa Claudia Andujar mostrou no jornal imagens de suas séries inéditas “Genocídio do Yanomami” e “Sonhos Yanomami” para destacar o drama desse povo.

 

ClimaInfo, 13 de maio de 2021.

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