Conta elétrica mais cara pode dar mais força à geração distribuída no Brasil

conta de energia

A situação dos reservatórios das hidrelétricas no Centro-Oeste e no Sudeste preocupa especialistas e autoridades. Depois da pior temporada chuvosa em mais de 90 anos, o setor elétrico entra no período seco do calendário contando nos dedos para evitar que o país sofra uma crise de desabastecimento elétrico. Por isso, como destacou Nicola Pamplona na Folha, o governo já sinalizou que pretende acionar todas as usinas termelétricas operacionais do país nos próximos meses para evitar o risco de “apagão”. No entanto, essa solução significa que a conta de energia elétrica dos consumidores deverá seguir em patamares bem salgados, ao menos até o final de 2021.

Com a conta mais cara, os consumidores terão mais um incentivo para buscar opções de energia elétrica mais baratas, seguras e limpas, como a geração solar. Dados da ABSOLAR citados pelo Valor apontam que o Brasil ultrapassou a marca de 600 mil unidades consumidoras com geração própria de energia solar, que somam uma potência operacional de 5,5 gigawatts (GW) distribuída em mais de 5,2 mil municípios. Desse total, 75% das unidades de geração distribuída estão instaladas em residências, seguido pelo setor de comércio e serviços (cerca de 15%).

No entanto, o crescimento da geração distribuída deve impulsionar as discussões no Congresso Nacional sobre a regulamentação do setor. O governo federal tenta acabar com os subsídios que beneficiam a geração distribuída, o que desagrada os consumidores e as empresas do setor. Outro ponto problemático está nos custos atrelados à rede de distribuição: hoje, os consumidores que possuem geração solar própria não pagam pela transmissão dessa energia à rede, o que acaba sendo financiado pelas distribuidoras e repassado para todos os consumidores, inclusive aqueles que não possuem a tecnologia. Para ter uma noção dos argumentos dos dois lados, vale a pena ler a fala do deputado Édio Lopes (RR) no Canal Energia, que defende o fim dos subsídios, e o texto de Carlos Evangelista, presidente da Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD), no Estadão, no qual se posiciona a favor de um marco regulatório que amplie os benefícios dessa tecnologia e sua adoção pelos consumidores brasileiros.

 

ClimaInfo, 13 de maio de 2021.

Se você gostou dessa nota, clique aqui para receber em seu e-mail o boletim diário completo do ClimaInfo.