Os caminhos e as possibilidades para a recuperação vegetal na Mata Atlântica

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A Folha mostrou dados de uma análise recente feita pelo Geolab, laboratório de planejamento de uso do solo e conservação da USP, em parceria com a Fundação SOS Mata Atlântica, sobre o potencial de regeneração florestal no estado de São Paulo com medidas simples de reflorestamento. Somente a restauração de áreas de proteção permanente (APP), como nascentes, margens de rios e topos de morros, pode elevar em até 22% a cobertura vegetal paulista, o que representa cerca de 1,2 milhão de hectares de Mata Atlântica e de Cerrado no estado. Ou seja, o cumprimento da legislação sozinho poderia ampliar em 1/5 as áreas verdes de São Paulo.

Segundo a análise, apenas 16% dos municípios paulistas (104) possuem 30% ou mais de vegetação nativa preservada. Essa é a taxa recomendada para se manter o equilíbrio ecossistêmico na Mata Atlântica. Considerando apenas esse bioma, 18% dos municípios têm vegetação igual ou maior do que 30%; com a restauração total das APPs, esse índice de municípios passaria para 28%. No caso do Cerrado, hoje apenas 5% dos municípios possuem 30% ou mais de sua área de vegetação conservada; com a restauração, esse número saltaria para 15%.

No entanto, a regeneração precisa ir além daquilo que está na lei para fazer a diferença, especialmente no que diz respeito ao seu impacto ambiental e climático. Também na Folha, Luís Fernando Guedes Pinto (Fundação SOS Mata Atlântica) e Maurício Voivodic (WWF-Brasil) colocaram a recuperação da Mata Atlântica como uma das prioridades ambientais das próximas décadas. Eles lembraram que, mesmo com esforços recentes para preservação do bioma, o ritmo de devastação segue preocupante: desde 1990, a floresta perdeu mais de 5 milhões de hectares, um ritmo de 100 mil por ano nos últimos 30 anos.

“Devido à extensão da sua cobertura florestal, bem como à atual taxa de desmatamento, o Brasil desempenha um papel central na mitigação climática e tem uma grande oportunidade de contribuir por meio da interrupção do desmatamento e da restauração dos seus biomas florestais”, escreveram eles na revista Nature Climate Change. “Nesse sentido, a Mata Atlântica é um dos ecossistemas globais com maior prioridade de restauração, considerando-se os benefícios na conservação da biodiversidade, na mitigação das mudanças climáticas e nos custos da restauração”.

 

ClimaInfo, 14 de maio de 2021.

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