A mensagem climática da ExxonMobil: “A culpa é sua, consumidor”

17 de maio de 2021

A ExxonMobil é quase um sinônimo da indústria global do petróleo. Suas origens remontam à pioneira Standard Oil, que colocou a família Rockefeller como uma das mais ricas do planeta na virada do século XIX para o século XX. Hoje, a companhia é uma das maiores do setor, com negócios bilionários ao redor do mundo nas áreas de petróleo e gás natural. Por tabela, ela também é uma das maiores contribuidoras históricas para a explosão das emissões antropogênicas de gases de efeito estufa nas últimas décadas, decorrente da queima de seus produtos.

Mesmo assim, considerando tudo isso, a mensagem da ExxonMobil no que diz respeito à questão climática tem sido pautada por um foco curioso, para dizer o mínimo: para ela, a responsabilidade pelas mudanças climáticas e por seu enfrentamento não está nela própria, mas sim em seus clientes. Em suma: “A culpa é sua, não minha”.

Um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Harvard (EUA) analisou documentos internos e campanhas publicitárias da ExxonMobil nos últimos 20 anos relacionados à questão climática. Nessas comunicações, a empresa enfatiza consistentemente “consumidores”, “demanda de energia” e “necessidades individuais” em seus argumentos acerca da situação do clima global. Para os pesquisadores, o foco na responsabilização dos consumidores é uma maneira para a empresa reconhecer o problema, mas negar sua responsabilidade sem recorrer a argumentos negacionistas tradicionais.

A revista Time destacou os principais resultados desse estudo e lembrou o histórico sujo da ExxonMobil no debate público sobre a mudança do clima. Por décadas, a companhia desinformou seus consumidores sobre o impacto de seus produtos sobre o clima, minimizando o problema ou até mesmo negando a existência dele. Ao mesmo tempo, cientistas e executivos da empresa sabiam desde meados dos anos 1960 acerca dos riscos atrelados ao consumo crescente de petróleo sobre o clima. O estudo revela que, ao menos desde 2000, a mensagem da ExxonMobil mudou do “questionamento explícito” da mudança do clima para o “reconhecimento implícito” desse problema. Earther, Grist e Scientific American também repercutiram essa análise.

 

ClimaInfo, 17 de maio de 2021.

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