94% do desmatamento na Amazônia e no Cerrado é ilegal, revela estudo

desmatamento ilegal

Um estudo revelou que a esmagadora maioria da área desmatada na Amazônia e no Cerrado nos últimos dois anos pode estar relacionada à derrubada ilegal de vegetação. Segundo análise feita por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), do Instituto Centro de Vida (ICV) e Imaflora, 94% do desmatamento registrado nesses biomas pode ter sido feito sem autorização dos órgãos ambientais federais e estaduais, à revelia da lei. Ao todo, a área desmatada ilegalmente chegou a 18 milhões de hectares, superior aos territórios somados da Dinamarca, Países Baixos, Bélgica e Suíça.

A pesquisa cruzou números oficiais de desmatamento do sistema PRODES (INPE) para a Amazônia e o Cerrado e diversas bases de dados sobre autorizações de supressão de vegetação nativa, além de informações obtidas a partir de solicitações aos órgãos competentes. A primeira constatação dos pesquisadores: a transparência desses dados é bastante precária, com informações inexistentes ou disponibilizadas em formato inadequado ou incompleto, o que dificulta o monitoramento sobre o desmatamento. A partir dos dados obtidos, verificou-se que as áreas com autorização de supressão vegetal corresponderam a menos de 5% do total de desmatamento registrado entre 2018 e 2020. Entre os estados analisados, observou-se também uma discrepância considerável: enquanto o desmatamento legal em Amazonas, Roraima, Pará e Bahia correspondeu a menos de 2% do total de área desmatada, esse índice chegou a 30% no Amapá e em Roraima.

O UOL publicou uma tradução da reportagem da AFP sobre esses dados.

Em tempo: Uma coalizão de 11 multinacionais, que inclui gigantes como Nestlé, Danone e Carrefour, anunciou nesta 3ª feira (18/5) um compromisso para acabar com o desmatamento em suas cadeias produtivas e para exigir da União Europeia ações para rastreamento das commodities importadas que chegam ao mercado europeu. No comunicado, o grupo reconhece que seus negócios influenciam as cadeias globais de suprimentos e que, por isso, “acabar com o desmatamento de uma vez por todas deve ser uma prioridade”. O Globo e Valor deram mais detalhes.

 

ClimaInfo, 19 de maio de 2021.

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