Em meio a aquecimento histórico no Ártico, Rússia e EUA se reúnem para discutir o controle da região

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A Rússia assumiu nesta 5ª feira (20/5) a presidência rotativa do Conselho Ártico, que reúne países com interesses geopolíticos e econômicos na região com foco na cooperação diplomática e na proteção do meio ambiente terrestre e marinho no extremo norte da Terra. Duas situações compõem o pano de fundo das conversas neste momento.

Primeiro, os efeitos cada vez mais fortes da mudança do clima no Polo Norte, que segue registrando temperaturas altas nos últimos meses, o que intensificou o degelo e os incêndios florestais. Um relatório do Programa de Monitoramento e Avaliação do Ártico (AMAP) deixou claro o impacto da mudança do clima na região: as temperaturas aumentaram três vezes mais rápido no Polo Norte do que no resto do mundo. O gelo do Oceano Ártico está cada vez mais reduzido, sendo que a chance dele desaparecer totalmente no verão é 10 vezes maior caso a Terra se aqueça em 2°C em comparação com um aquecimento de 1,5°C até o final deste século. A AFP e o Washington Post deram mais informações sobre o estudo. Ao mesmo tempo, a diversidade biológica ártica também está sofrendo com os efeitos da mudança do clima na região. Uma análise feita pelo Conselho Ártico mostrou uma queda drástica nas populações de aves costeiras, prejudicadas pelas temperaturas mais altas e pelo recuo do gelo. O Guardian destacou os principais pontos do estudo.

Segundo, as tensões geopolíticas cada vez mais fortes entre as potências globais. EUA e países da Europa Ocidental seguem desconfiando das pretensões russas na região. Um dos planos de Moscou para o Conselho Ártico é definir regras marítimas para a Rota do Mar do Norte, que vai da Noruega ao Alasca. No entanto, para a Casa Branca, a proposta camufla o interesse da Rússia em exercer controle militar e comercial no Ártico. Do lado russo, a desconfiança é similar contra os EUA e seus aliados da OTAN. Para complicar, a China vem se mostrando mais interessada nos assuntos do Ártico. Desde 2013, Pequim é observadora do Conselho Ártico e, há dois anos, o país anunciou planos para construir uma “Rota da Seda Polar”, uma rede de rotas marítimas no Ártico. AFP, Associated Press, BBC, CNBC, Grist e Reuters repercutiram o vai-e-vem diplomático no Conselho Ártico.

 

ClimaInfo, 21 de maio de 2021.

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