Soja “pirata” dribla monitoramento de gigantes do agro e intensifica desmatamento no Brasil

20 de maio de 2021

Os produtores de soja no Brasil vivem insistindo que essa atividade não causa desmatamento. No entanto, uma pesquisa inédita mostrou que nem mesmo a Moratória da Soja está sendo capaz de conter o avanço da produção em terras desmatadas ilegalmente. A Repórter Brasil, em parceria com o Bureau of Investigative Journalism (TBIJ) e o Unearthed, descobriu que três multinacionais compraram soja de revendedoras que foram abastecidas por uma produtora rural multada em R$ 12 milhões por desmatar e incendiar uma área da floresta amazônica.

A partir de imagens de satélite, registros de fiscalização e outras evidências, a reportagem identificou que a sojeira Alexandra Aparecida Perinoto, de Marcelândia (MT), produziu soja em terras embargadas pelo IBAMA por desmatamento ilegal. Ainda assim, a soja produzida nessa propriedade foi vendida para duas intermediárias, a chinesa Fiagril e a russa Aliança Agrícola do Cerrado. A Aliança revendeu essa soja para as gigantes Cargill, Bunge e Cofco, companhias que estão na linha de tiro das cobranças internacionais por causa de ilegalidades em suas cadeias de fornecimento. A investigação revelou também indícios de fraude, com adulteração dos nomes das propriedades da família Perinoto, o que ajuda a ocultar a origem da soja e sua ligação com áreas de cultivo desmatadas e queimadas ilegalmente.

Especialistas ouvidos pela reportagem reforçaram que os casos explicitam as diversas brechas que prejudicam o sistema de monitoramento da Moratória da Soja no Brasil. Uma delas se refere ao fato de a Moratória considerar somente a propriedade rural onde o desmatamento ocorreu, ignorando áreas vizinhas; isso permite a chamada “lavagem da soja”, com a produção de terrenos irregulares sendo repassada para propriedades em situação regular, que revendem o produto sem indício de ilegalidade. Guardian, UOL e Unearthed republicaram a reportagem.

Em tempo: Um estudo internacional mostrou que a extração ilegal de madeira está por trás da perda anual de cerca de 4,5 milhões de hectares de floresta no sudeste da Ásia, na África e na América Latina. Segundo a pesquisa, conduzida pela consultoria Forest Trends, quase 70% das florestas tropicais desmatadas para pecuária e para a produção de soja (no Brasil) e óleo de palma (na Indonésia) foram desmatadas ilegalmente entre 2013 e 2019. A Reuters deu mais detalhes.

 

ClimaInfo, 20 de maio de 2021.

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