Após operação Akuanduba da PF, IBAMA retoma fiscalização de madeira sem planejamento

Ibama fiscalização

A suspensão da portaria que facilitava a liberação de madeira extraída da Amazônia para exportação pegou o IBAMA de calças curtas. No blog Ambiência (Folha), Ana Carolina Amaral destacou trechos de um ofício da última 6ª feira (21/5) no qual a direção do IBAMA pedia às bases de fiscalização em áreas portuárias informações sobre as necessidades de “apoio pessoal, financeiro e logístico” para a retomada da fiscalização. Isso porque o planejamento anual do órgão simplesmente não previa a possibilidade de um retorno do monitoramento e da autorização dos carregamentos de madeira por seus fiscais.

Ontem (24/5), dois técnicos do Ibama declararam à Polícia Federal que milhares de cargas de madeira foram exportadas antes mesmo da assinatura da portaria que, estranhamente, teve efeito retroativo, conforme ofício enviado pelo presidente do Ibama, Eduardo Bim, ao órgão ambiental dos EUA. Segundo Vinicius Sassine, da Folha, os depoimentos foram incluídos na investigação da PF.

A portaria foi suspensa por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do STF, que desencadeou a Operação Akuanduba, a qual investiga um esquema de corrupção que favoreceria madeireiras e que contaria com o envolvimento da direção e de servidores do IBAMA, além do próprio ministro Ricardo Salles.

N’O Globo, Malu Gaspar trouxe alguns detalhes da ação da PF na semana passada. O diretor-geral da corporação, Paulo Maiurino, não foi informado com antecedência das investigações contra Salles, chefiadas pelo delegado Franco Perazzoni, da Delegacia de Repressão a Crimes contra o Meio Ambiente e o Patrimônio Histórico da PF. Apenas o superior de Perazzoni, o coordenador de crimes fazendários, Cleo Mazotti, foi comunicado da operação. Outro detalhe importante foi abordado por Bela Megale, também n’O Globo: mesmo com o pedido de apreensão, Salles não entregou à PF seu aparelho celular. Durante a ação, na sede do MMA em Brasília, o ministro teria dito aos policiais que não estava com telefone em sua posse naquele momento. No entanto, em seguida, Salles trocou de número e de aparelho celular.

Em tempo: Salles também não tem tido boas notícias do programa “queridinho” de sua gestão. Segundo informou Guilherme Amado no Metrópoles, o programa Adote um Parque não conseguiu atrair apoiadores físicos e jurídicos para ajudar no financiamento de Unidades Federais de Conservação. Das 132 Unidades oferecidas para “adoção” na Amazônia, só oito foram efetivamente “adotadas” (6% do total), o que soma cerca de R$ 6 milhões em recursos privados até agora.

 

ClimaInfo, 25 de maio de 2021.

Se você gostou dessa nota, clique aqui para receber em seu e-mail o boletim diário completo do ClimaInfo.