COAF aponta transação suspeita envolvendo escritório de advocacia de Salles

COAF Salles investigado

Segundo O Globo, a Polícia Federal enviou documento ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, afirmando que já tem provas suficientes para configurar “a prática de pelo menos dois crimes por parte do presidente afastado do IBAMA, Eduardo Bim, os de facilitação ao contrabando e advocacia administrativa”. No documento, a PF também aponta “fortes indícios” do envolvimento de Salles, “mas que necessitam de aprofundamento.”

Por seu lado, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras – COAF – destacou uma movimentação suspeita envolvendo o escritório de advocacia de Salles entre outubro de 2019 e abril de 2020. Segundo o órgão, a transação em questão, de quase R$ 1,8 milhão, pode ser considerada suspeita por destoar do “perfil histórico de operações” do escritório, chamando a atenção pelo “volume expressivo movimentado”. Para o COAF, o escritório do ministro do meio ambiente (que também tem a mãe dele, Diva Carvalho de Aquino, como sócia) realizou “movimentação de recursos incompatível com o patrimônio”, já que o faturamento médio anual da empresa foi de R$ 350 mil. Aguirre Talento e Mariana Muniz deram mais detalhes n’O Globo.

No Estadão, André Borges informou que a Polícia Federal não apreendeu o telefone celular do presidente afastado IBAMA, Eduardo Bim, embora a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que autorizou a realização da Operação Akuanduba na última 4ª feira (19/5), previsse a apreensão. Como destacamos ontem aqui, o celular de Salles também deveria ter sido apreendido, mas Salles sumiu com o aparelho, além de mudar de número. Sem os aparelhos, a PF corre o risco de perder informações e evidências importantes sobre o envolvimento de Salles e Bim com o esquema de facilitação do contrabando de madeira ilegal.

Pelo lado de Salles, a defesa do ministro entrou com um pedido junto à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para ter acesso aos autos do processo no STF, como informou o UOL. Enquanto isso, o ministro Moraes encaminhou à Procuradoria-Geral da República (PGR) um pedido de impeachment contra Salles, apresentado por parlamentares da oposição em Brasília, requisitando sua manifestação. O Valor deu a notícia.

Em tempo 1: Mesmo chamuscado pelas denúncias de corrupção, Salles parece ainda conservar força política dentro do governo Bolsonaro. Segundo informou Lauro Jardim n’O Globo, ele conseguiu a cabeça do coordenador de economia verde do ministério da economia, Gustavo Fontenele. O motivo seria uma proposta que estava sendo finalizada por Fontenele para a regulação do mercado nacional de carbono, que previa um modelo cap-and-trade a ser implementado no Brasil; Salles seria contrário à medida.

Em tempo 2: A deputada federal Carla Zambelli, presidente da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara, conseguiu emplacar o irmão dela em um cargo de confiança no ministério da agricultura. De acordo com a Carta Capital, Bruno Zambelli foi nomeado chefe de gabinete da secretaria especial de assuntos fundiários, feudo político do über-ruralista Nabhan Garcia. Curiosamente (mas não coincidentemente), o irmão de Nabhan, Mauricio Garcia, é assessor parlamentar de Zambelli desde 2019.

 

ClimaInfo, 26 de maio de 2021.

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