Agricultura também se preocupa com efeitos da seca na produção

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A falta de chuvas e a chegada da temporada seca na maior parte do Brasil também estão causando apreensão ao agronegócio. Como O Globo abordou, o setor não gosta da possibilidade do governo federal restringir a navegação em hidrovias e o uso de água para irrigação, que teriam como objetivo conservar a água para a geração de eletricidade.

Para representantes do agro, essa perspectiva pode elevar ainda mais os preços desses produtos no mercado doméstico – o que, junto com o aumento do custo da energia, pode intensificar a inflação e afetar a retomada da economia brasileira.

Para o ex-ministro Roberto Rodrigues, o cenário pode se tornar ainda mais dramático se os reservatórios continuarem sob pressão até o final do ano: nesse caso, o governo será forçado a “fazer suas escolhas” e decidir qual setor deve ser priorizado no fornecimento de água.

A falta de chuvas já prejudica a produção rural. De acordo com o Estadão, a seca está afetando principalmente o milho da segunda safra, o feijão e o trigo. A Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) espera uma perda mínima de 2,1 milhões de toneladas, especialmente de milho. No Mato Grosso do Sul e em partes de Minas Gerais, Paraná e São Paulo, a média de chuvas ficou ao menos 30% abaixo do esperado nos últimos meses. A Reuters mostrou os bastidores do governo federal, que se organiza para evitar um racionamento elétrico enquanto diferentes setores econômicos ensaiam uma disputa política pela água.

A crise hídrica que se ensaia sinaliza as dificuldades que o Brasil terá pela frente para se adaptar aos efeitos da mudança do clima. “Infelizmente, o Brasil enfrenta uma dificuldade histórica, da falta de planejamento e a falta de iniciativa para incorporar a questão das mudanças do clima ao mesmo”, disse João Paulo Capobianco (Instituto Democracia e Sustentabilidade) à CNN Brasil. “Não investimos praticamente nada em adaptação” [à mudança climática].

 

ClimaInfo, 31 de maio de 2021.

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