Nova investigação no Supremo pode ser a “pá de cal” para permanência de Salles no governo

Salles pá de cal

O pedido da Procuradoria-Geral da República para que o Supremo Tribunal Federal (STF) abra uma nova investigação criminal contra Ricardo Salles tornou a situação política do ministro ainda mais delicada. Segundo Valdo Cruz na Globonews, aliados de Bolsonaro no Planalto entendem que o fato de Salles estar envolvido em duas investigações no STF pode ser a “última oportunidade” para que o presidente afaste o ministro, pelo menos temporariamente. “Se não fizer isso agora e for obrigado a fazê-lo mais tarde, [Bolsonaro] vai ficar com a imagem de que protegeu um ministro envolvido em irregularidades”, disse um interlocutor do presidente.

Enquanto aguarda a decisão da ministra Cármen Lúcia sobre a nova investigação, Salles quer que a PGR e a Polícia Federal coletem seu testemunho no âmbito da Operação Akuanduba, que apura a participação da cúpula do ministério do meio ambiente em um esquema de contrabando de madeira ilegal. Em petição apresentada ao ministro Alexandre de Moraes, relator desse inquérito no STF, os advogados de Salles disseram que o objetivo é que “os fatos sob investigação possam ser cabalmente esclarecidos o mais rápido possível”. O Globo deu mais detalhes.

Ainda sobre a Operação Akuanduba, finalmente o Palácio do Planalto formalizou o afastamento do presidente do IBAMA, Eduardo Bim, conforme determinado pelo ministro Moraes há quase duas semanas. Além de Bim, o governo afastou também Olivaldi Azevedo, secretário-adjunto da secretaria de biodiversidade do ministério; Leopoldo Butkiewicz, assessor especial de Salles; Olímpio Magalhães, diretor de proteção ambiental do IBAMA; e João Pessoa Riograndense, diretor de uso sustentável da biodiversidade e florestas do IBAMA. CNN Brasil, G1 e O Globo repercutiram essa notícia.

Em tempo: A Crusoé revelou uma operação suspeita feita pelo ministro em janeiro deste ano, quando ele vendeu um apartamento de 172 m2 no bairro dos Jardins, em São Paulo. O imóvel foi vendido para a empresária Cláudia Marques Scodro, ex-esposa do ex-deputado federal Sandro Mabel, por R$ 2,95 milhões – bem acima (55%) do valor pago por ele seis meses antes, quando comprou o imóvel por R$ 1,9 milhão. Segundo Salles, a venda com preço superior ao valor de compra se deve a reformas feitas por ele no imóvel, que teria sido comprado para revenda.

 

ClimaInfo, 2 de junho de 2021.

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