Governo teme prisão de Ricardo Salles pelo STF

Salles prisão

A situação jurídica de Ricardo Salles não é animadora para o Palácio do Planalto. Segundo Josias de Souza, no UOL, o entorno de Bolsonaro enxerga o risco de que o Supremo Tribunal Federal (STF) possa decidir pela prisão preventiva de Salles, acusado de obstrução de justiça por não ter entregue seu aparelho celular à Polícia Federal, conforme determinado pelo ministro Alexandre de Moraes no âmbito da Operação Akuanduba.

Na última 6a feira (4/6), Moraes encaminhou um despacho para a  Procuradoria-Geral da República (PGR) pedindo que se manifeste sobre a possibilidade de afastamento imediato e prisão do (ainda) ministro do meio ambiente. Estadão, O Globo e Veja deram mais detalhes sobre o despacho do ministro Moraes à PGR.

Para piorar a situação de Salles, a ministra Cármen Lúcia autorizou a abertura de um novo inquérito no STF para investigá-lo sob a acusação de ter atuado para atrapalhar uma operação da Polícia Federal contra madeireiros suspeitos de ilegalidades no Amazonas. O inquérito é fruto da notícia-crime apresentada em abril pelo então superintendente da PF no estado, Alexandre Saraiva. Na semana passada, a PGR se manifestou favoravelmente à investigação contra Salles e pediu também a inclusão do presidente afastado do IBAMA, Eduardo Bim, no rol de investigados.

Salles tentou explicar à PGR as circunstâncias de sua atuação em favor de madeireiros no AM. Segundo ele, os encontros com representantes do grupo aconteceram após solicitação “feita pessoalmente” pelo então ministro-chefe da Secretaria de Governo do Planalto (e atual chefe da Casa Civil), general Luiz Eduardo Ramos. Vale lembrar que Ramos foi alvo de Salles em outubro passado, quando o ministro do meio ambiente chamou seu colega de “Maria Fofoca”; à época, Salles era alvo de críticas do chamado núcleo militar do governo Bolsonaro, que tem Ramos como um de seus principais representantes.

Para Míriam Leitão n’O Globo, a justificativa apresentada por Salles, junto com a desconfiança sobre as reais intenções do chefe da PGR (o bolsonarista Augusto Aras) de realmente investigar essa questão, sinalizam um “risco de pizza” nessas investigações. Correio Braziliense, Folha, O Globo e UOL repercutiram a explicação de Salles.

Em tempo: Com o cheiro de queimado cada vez mais forte na sala de Ricardo Salles em Brasília, auxiliares dele no ministério do meio ambiente, no IBAMA e no ICMBio começaram uma verdadeira maratona para realizar a conciliação de mais de 2,8 mil multas ambientais nos próximos três meses. André Borges explicou no Estadão que esse processo está repleto de irregularidades potenciais, com critérios pouco claros sobre os casos selecionados para audiência de conciliação, além da falta absoluta de infraestrutura humana, financeira e tecnológica para realizar milhares de encontros em um espaço de tempo tão curto. Depois de mais de dois anos se arrastando, pra quê tanta pressa?

 

ClimaInfo, 7 de junho de 2021.

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