Aumento da demanda por manganês intensifica exploração ilegal em Terra Kayapó

manganês Terras Kayapó

A retomada econômica na China impulsionou a demanda global por manganês, o que elevou os preços internacionais e gerou uma verdadeira corrida na mineração para aproveitar o momento. No Brasil, isso se refletiu no crescimento da exploração ilegal do metal, especialmente na região da Terra Indígena Kayapó, no sudeste do Pará. Os Kayapós já convivem há bastante tempo com a presença de garimpeiros ilegais em suas terras, mas esse problema ganhou proporções muito maiores nos últimos meses.

O Mongabay abordou essa situação e destacou dados recentes do projeto Amazônia Minada, que monitora a incidência de requerimentos minerários em TIs (atualmente fechadas para mineração) à Agência Nacional de Mineração (ANM). Em 2020, as requisições relacionadas ao manganês representaram 15% do total de pedidos, muito acima da média histórica de apenas 1%; não coincidentemente, a grande maioria dos pedidos se concentrou na TI Kayapó. Ao mesmo tempo, a Polícia Federal também confirmou um aumento nos casos de apreensão de caminhões com manganês de origem ilegal na região da reserva.

Em tempo 1: A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga a atuação do governo federal no combate à pandemia no Brasil recebeu um documento que mostra que vacinas contra COVID-19 que deveriam ser aplicadas em indígenas acabaram sendo desviadas para garimpeiros em troca de ouro. O documento foi apresentado pela Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Povos Indígenas, e cita também casos de distribuição de remédios sem eficácia científica comprovada e problemas de acesso a leitos de terapia intensiva. A Folha deu mais detalhes.

Em tempo 2: Como contam em matéria de janeiro último, Lucas Landau e Fábio Teixeira, da Thomson Reuters Foundation, passaram dias acompanhando um grupo de garimpeiros que invadiram Terras dos Mundurukus. Eles confiam nas promessas de Bolsonaro de que ele modificará as leis e permitirá que fiquem na região legalmente e dizem que as áreas permitidas estão esgotadas, forçando-os a entrar cada vez mais dentro da floresta. Eles também acham que legalizar a atividade e a propriedade acabaria com o desmatamento. No entanto, um trabalho que acaba de sair na Environmental Research Letters mostra o contrário: pesquisando a dinâmica do garimpo na Amazônia peruana, onde foram criados corredores para o garimpo, constatou-se que problemas endêmicos como corrupção da fiscalização e violência expulsaram os garimpeiros mais pobres dos corredores. Eles, então, foram abrir novos garimpos em terras protegidas – que, talvez, virem novos corredores provocando mais expulsões.

 

ClimaInfo, 10 de junho de 2021.

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