Encalacrado na Justiça, Salles participa de “motociata” milionária de Bolsonaro em SP

Salles Bolsonaro motociata SP 2

Mesmo com problemas criminais se acumulando no Supremo Tribunal Federal , o ministro Ricardo Salles encontrou tempo e disposição para acompanhar Bolsonaro na infame “motociata” pelas ruas de São Paulo no sábado (12/6). O ministro, investigado por corrupção em dois processos no STF, foi saudado pela trupe bolso-queira e ouviu elogios públicos do chefe dele.  “O ministério era aparelhado e [Salles] fez um excelente trabalho”, disse Bolsonaro, ignorando o aparelhamento feito por ele próprio da estrutura do governo federal para fazer atos claramente eleitoreiros em período não-eleitoral.

Salles também foi multado pelo governo paulista por não usar máscara e, assim, desrespeitar as regras sanitárias relativas à pandemia no estado.

No UOL, Josias de Souza destacou a incongruência do discurso de Bolsonaro: ao mesmo tempo em que o presidente defende ser “honesto não por virtude, mas por obrigação”, a presença de Salles tanto no governo como na “motociata” vai contra qualquer noção de “honestidade” evocada pelo chefe do Executivo.

E os problemas judiciais de Salles podem aumentar. O Ministério Público Federal está investigando o ministro sob a suspeita de favorecimento ilegal a uma empresa para a exploração de espaços comerciais na área turística do Cristo Redentor, no Parque Nacional da Tijuca (RJ). A Arquidiocese do Rio de Janeiro também reclamou na Justiça da conduta do ministério do meio ambiente na questão, sustentando que a área concedida à iniciativa privada por Salles pertence à Igreja Católica. G1 e iG Último Segundo deram mais detalhes sobre o caso.

Sobre as encrencas de Salles no STF, a novidade foi a manifestação da Procuradoria-Geral da República contrária ao pedido de afastamento de Salles do governo. O pedido foi apresentado à corte após a imprensa revelar que Salles não tinha entregue seu celular à Polícia Federal durante ações de busca e apreensão da Operação Akuanduba.

Segundo a PGR, hoje controlada pelo bolsonarista Augusto Aras, o pedido de afastamento “não é cabível” pelo fato de ter sido feito por uma parte externa à investigação. A decisão sobre o afastamento ou não de Salles será tomada pelo relator da operação no STF, o ministro Alexandre de Moraes. G1, O Globo e UOL destacaram a manifestação da PGR.

 

ClimaInfo, 14 de junho de 2021.

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