Estudo atribui fortes geadas na França à mudança do clima

França geada vinícolas

Em abril passado, a França foi atingida por uma forte geada que arruinou a produção de muitas vinícolas. Para os produtores, as três noites seguidas com temperaturas que chegaram a quase 5 graus negativos representaram um dos piores desastres naturais das últimas décadas. Estima-se que a indústria francesa de vinhos, uma das mais nobres do mundo, tenha sofrido um prejuízo de 80% na produção em decorrência dessas geadas, com custo que supera os 2 bilhões de euros.

Nesta semana, o grupo de cientistas do World Weather Attribution divulgou uma análise que associa esse fenômeno meteorológico na França com a mudança do clima. Eles analisaram dados das principais regiões atingidas pela geada (Borgonha, Champagne e Loire) e executaram 132 simulações de modelos climáticos. O estudo concluiu que o aumento da temperatura média global, causado pela concentração atmosférica crescente de gases de efeito estufa causados por atividades humanas, elevou a probabilidade de uma geada extrema em 40%. Além disso, as temperaturas mais altas também interferiram no crescimento dos vinhedos, que brotaram antes da hora nesta safra, o que ampliou o prejuízo dos produtores franceses. De 1980 para cá, os “botões” tiveram sua abertura antecipada em cerca de 15 dias.

AFP e Associated Press deram mais detalhes sobre o estudo e o impacto das geadas na indústria francesa de vinhos.

Em tempo: O fornecimento de café e chocolate na Europa em breve poderá sofrer com desabastecimento causado pela mudança do clima. Segundo um estudo publicado na Nature Communications, os principais fornecedores desses produtos para o mercado europeu terão problemas sérios caso o planeta siga se aquecendo. Além do café e do cacau, a cana-de-açúcar, dendê e soja também estão entre as importações agrícolas da União Europeia que deverão enfrentar problemas na produção relacionados à crise climática. A UE consome 1/3 do café do mundo, e metade disso vem do Brasil e do Vietnã; a produção cafeeira nos dois países é altamente vulnerável à seca, que pode se intensificar nas próximas décadas. O Guardian deu mais detalhes.

 

ClimaInfo, 16 de junho de 2021.

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