Mesmo com medidas para economia de energia, setor elétrico teme risco de racionamento

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O discurso do governo federal ainda é otimista sobre a possibilidade de ser evitado um racionamento de energia elétrica nos próximos meses em decorrência da crise hídrica que aflige boa parte do país. Nas entrelinhas, porém, a situação é vista com menos confiança, em meio a um temor crescente de que as medidas anunciadas até agora para economizar energia não sejam suficientes para se evitar o colapso do sistema elétrico.

O Valor destacou os alertas do diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Luiz Carlos Ciocchi, à Câmara dos Deputados nesta 4ª feira (16/6). Segundo ele, a margem de manobra para o governo evitar o racionamento será curta mesmo em um cenário de implementação total das ações para redução do consumo – nesse caso, o nível médio esperado para os reservatórios do Sudeste/Centro-Oeste em novembro aumentaria de 7,5% para apenas 10,3%, uma situação ainda “bastante crítica” nas palavras de Ciocchi.

O ministério de minas e energia prepara a antecipação – ou ao menos a manutenção – do cronograma de entrada de usinas de geração de energia e de linhas de transmissão para os próximos meses. Segundo O Globo, o governo federal está contatando as empresas responsáveis por esses empreendimentos para alinhar os prazos e evitar atrasos que possam comprometer a oferta de energia elétrica durante a estiagem.

Enquanto o governo busca mais eletricidade na gaveta, a articulação política do Palácio do Planalto segue tendo dor-de-cabeça para aprovar a Medida Provisória 1031 (MP), que abre caminho para a privatização da Eletrobras. A MP precisa ser aprovada até 22 de junho para não perder efeito. O Senado esperava votá-la nesta 4ª feira, mas desavenças entre os parlamentares sobre as emendas ao texto forçaram o adiamento da votação para hoje. A CNN Brasil deu mais detalhes.

Parte das desavenças está no texto a ser votado. O parecer do relator da MP no Senado, Marcos Rogério (RO), manteve todas as emendas (“jabutis”) colocadas no texto pela Câmara e incorporou mais algumas, como, por exemplo, incentivos para a geração termelétrica em Minas Gerais e no Espírito Santo. Nem mesmo a indústria conseguiu chegar a uma visão consensual sobre o projeto, com setores contrários e favoráveis ao texto. A epbr deu detalhes sobre a divisão.

Para a oposição, o bate-cabeça do governo com a MP abriu espaço para uma articulação multipartidária contrária à proposta, que busca derrubá-la na votação no Senado ou, melhor, deixá-la caducar sem qualquer voto. O Valor explicou como a oposição está se movimentando para vetar a MP.

Bolsonaro, que se manteve distante do tema nos últimos dias, entrou no debate defendendo a proposta e, fiel ao seu estilo, disse que a privatização da Eletrobras é essencial para o Brasil evitar um “caos no sistema energético”. A Folha reportou a fala presidencial.

Em tempo: Um cenário desolador nas Cataratas do Iguaçu. De imponente paredão que enchia os olhos dos turistas, o maior conjunto de quedas d’água do mundo virou meros filetes de água em meio às pedras. A vazão média registrada na última 3ª feira (15/6) era de apenas 400 mil litros de água por segundo, cerca de ¼ do volume normal. BBC Brasil e Estadão mostraram a situação.

 

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ClimaInfo, 17 de junho de 2021.

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