Com desmatamento em alta, INPE pode ficar sem sistema para monitorar o Cerrado

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A estiagem que atinge boa parte do Brasil afeta particularmente o Cerrado. É nesse bioma que nasce boa parte dos rios que formam a bacia do rio Paraná, atualmente em situação dramática, com os menores níveis de água em décadas. Para piorar, a intensificação do desmatamento também se reflete na situação hídrica da região – e, por tabela, da maior parte do país. João Fellet ouviu especialistas na BBC Brasil e ressaltou o papel do Cerrado como “berço das águas” na porção central da América do Sul e o quanto ele está prejudicado pelo avanço da agropecuária e a degradação do solo desmatado. Ironicamente, a atividade agrícola é uma das mais prejudicadas pelo ressecamento do Cerrado, já que depende da irrigação feita a partir dos rios da região.

A falta de água sinaliza também outro problema para o Cerrado. O Globo destacou dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) que indicam um inverno menos chuvoso e com temperaturas mais altas no bioma, o que favorece o surgimento e a proliferação de incêndios florestais.

Como a desgraça nunca é demais no Brasil atual, além do apagão elétrico, o país pode enfrentar também um apagão científico no Cerrado. Isso porque o monitoramento do bioma via satélite pelo INPE está ameaçado por restrições orçamentárias. Como Cristiane Prizibisczki explicou n’O Eco, o programa de alertas de desmatamento (DETER-Cerrado) e de monitoramento anual do bioma (PRODES-Cerrado) é financiado com recursos do Programa de Investimento Florestal (FIP) do Banco Mundial, com prazo até o final de 2021. Por ora, o INPE não prevê a inclusão de recursos próprios no programa para garantir sua manutenção a partir do ano que vem. Assim, a equipe responsável pelo DETER-Cerrado começará a ser desmobilizada em setembro, interrompendo o serviço de alertas de desmatamento no bioma.

 

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ClimaInfo, 22 de junho de 2021.

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