Anfitrião da COP26, Reino Unido é criticado por ações climáticas insuficientes

“Faça o que eu digo, não faça o que eu faço”. O ditado popular se encaixa no caso do Reino Unido com a questão da mudança do clima. O governo britânico vem aproveitando o fato de ser anfitrião da próxima Conferência da ONU sobre o Clima (COP26), em Glasgow, para se colocar como uma “liderança global” na agenda climática. O problema é que, dentro de casa, a situação não é tão favorável: segundo a análise de um grupo oficial independente de mudança do clima, apresentada ao Parlamento nesta 5ª feira (24/6), o governo fez “surpreendentemente pouco” até agora para cumprir as ambiciosas metas climáticas anunciadas pelo país no ano passado.

Embora o Reino Unido tenha conseguido reduzir suas emissões relacionadas à energia, eliminando o carvão e aumentando a participação de fontes renováveis na matriz elétrica, o país tropeça no que diz respeito às emissões dos setores de transporte, construção civil e edifícios, indústria e agricultura. O chefe do comitê, Lord Deben, deu nota 4 para os resultados apresentados até aqui. “Precisamos ter uma estratégia líquida zero antes da COP26. Se não tivermos isso, será muito difícil impulsionar [as negociações] na COP26, nos limitando apenas a promessas”, disse ele. O Reino Unido se comprometeu a reduzir suas emissões em 57% até 2030 com relação a 1990 e a atingir a neutralidade líquida de suas emissões até 2050.

Associated Press, Climate Home, Financial Times, Guardian, NY Times e Reuters repercutiram a análise.

Falando em COP26, o secretário-geral da ONU, António Guterres, reafirmou que os países ricos precisam avançar substancialmente no tema de financiamento climático para destravar as negociações antes da Conferência de Glasgow. De acordo com ele, a questão é central para a reconstrução da confiança entre as nações ricas e pobres. “Esta não é uma promessa simbólica, mas um compromisso vital. Só podemos pedir mais ambição se fornecermos apoio adicional”, disse Guterres em pronunciamento ao Parlamento Europeu nesta 5ª feira (24/6), citado pela Reuters. A questão do financiamento climático foi um dos pontos mais problemáticos da rodada recente de conversas virtuais da ONU, encerrada de maneira frustrante na semana passada.

Ainda sobre a COP26, as autoridades de Glasgow confirmaram que a conferência contará com o envolvimento de 10 mil policiais. Segundo elas, esta será a “maior e mais longa mobilização policial” da história britânica. Ao mesmo tempo, elas prometem que eventuais protestos durante a Conferência serão recebidos de maneira “amigável”, em sintonia com a história de Glasgow como palco de manifestações populares. O Guardian deu mais detalhes.

 

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ClimaInfo, 25 de junho de 2021.

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