Projeto de mineração no fundo do mar no Pacífico expõe gargalo da descarbonização

mineração fundo do mar

Podemos descarbonizar a economia a tempo de evitar uma catástrofe climática? Parte da resposta depende da governança do setor de mineração que, em todo o mundo, está envolvido em acusações de abusos de Direitos Humanos, danos ambientais e corrupção financeira. Esse é o cerne do artigo de Kevin Watkins, executivo-chefe do Save the Children UK, publicado pelo Guardian. Ele analisa como a COP26, a diplomacia global e cada um dos grandes players – da China ao Chile – não podem mais ignorar a necessidade de uma governança mais restrita e de due diligences no setor.

Pelo lado ambiental, o que acontece agora em Nauru, uma minúscula ilha no Pacífico, é um bom exemplo. A pequena nação insular notificou as Nações Unidas sobre seus planos para permitir a mineração em alto mar, dando à Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos (ISA, na sigla em inglês) um prazo de dois anos para concluir as negociações sobre as regras que regem a nova e controversa indústria. Motivo: uma subsidiária da The Metals Co. tem negócios com Nauru (e também Tonga e Kiribati) para direitos de exploração na Zona Clarion-Clipperton (CCZ) no Oceano Pacífico Norte, entre o Havaí e o México, cobrindo 224.533 km2 – aproximadamente a área da Romênia. O foco são materiais essenciais para baterias, como cobalto, cobre, níquel e manganês. A extração se daria a profundidades de 4 a 6 km e tanto a mineradora como Nauru argumentam que a mineração em alto mar é mais sustentável que em terra. Sobre isso, a nação insular lembra que 80% de suas terras são inabitáveis ​​por causa da mineração de fosfato da era colonial. Só que a lei da ONU define os recursos no fundo do mar internacional como patrimônio comum da humanidade, portanto, os benefícios devem ser compartilhados entre todos os países, não apenas as nações que patrocinam empresas de mineração. E não há certeza sobre o impacto dessa modalidade de mineração sobre a biodiversidade marinha. O WWF está chamando uma moratória na mineração em alto mar, que já tem o apoio do Google, da Alphabet, da montadora BMW e da fabricante de baterias Samsung SDI.  A Reuters está acompanhando esta história e já publicou esta e esta matéria. O assunto também foi abordado por Financial Times e Bloomberg.

 

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ClimaInfo, de julho de 2021.

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