“Devastação impacta nível dos reservatórios”: os caminhos entre o desmatamento amazônico, a mudança do clima e a crise hídrica

crise setor elétrico

Face à seca no Sudeste, o diretor-geral do ONS (Operador Nacional do Sistema elétrico), Luiz Carlos Ciocchi, disse ao El País que “caiu a ficha de que a gente deve considerar aquecimento global e mudanças climáticas dentro das nossas avaliações de análises”. Falta cair a outra ficha: a relação entre a devastação na Amazônia com a redução das chuvas na parte do país onde ficam os principais reservatórios. Aliás, destruir a floresta emite muito gás de efeito estufa, aumentando o aquecimento global, além de afetar diretamente o ciclo hidrológico.

Impressiona o esforço do lobby do gás para se afirmar como a grande salvação do país. Conseguiram emplacar emendas na MP da Eletrobras e voltam à carga na MP da crise hídrica. Até o Fantástico deixou escapar que 70% da geração elétrica depende do clima na forma de chuva, vento e sol. Como se a mudança climática pudesse desligar o Sol ou parar a rotação da Terra, que é responsável por boa parte dos ventos que sopram ao redor do planeta. Também deixaram de mencionar que muitas das usinas térmicas consomem muita água, sem a qual teriam que permanecer desligadas. O programa mostrou a situação de um dos reservatórios, o da usina de Marimbondo, no Rio Grande, que está com 12% do seu nível. Já a Folha fala da situação em Furnas, no mesmo rio, que está com 29% do seu nível.

Em tempo: As bandeiras tarifárias foram criadas para pagar a energia cara das térmicas fósseis. O Valor trouxe a palavra de Edvaldo Santana, ex-diretor da Aneel, dizendo que uma das intenções era a de que desestimularia o consumo. A versão original da ideia “livraria o consumidor do pagamento do valor adicional cobrado pelas bandeiras amarela e vermelha se conseguisse reduzir parte do consumo.” Reduzir o consumo também reduz a receita das distribuidoras e, assim, todos pagamos esse valor adicional, beneficiando as próprias e os donos das térmicas.

 

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ClimaInfo, 6 de julho de 2021.

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