Mesmo com o aquecimento recente do Ártico, uma porção de mar congelado ao norte da Groenlândia é tida como mais resistente por causa da espessura do gelo, a tal ponto que cientistas acreditam que ela permanecerá congelada por décadas mesmo com o aumento da temperatura. Essa suposição foi desafiada no verão passado, em julho de 2020, quando um navio quebra-gelo alemão registrou degelo no Mar Wandell, exatamente na área tida como o “último refúgio do gelo” no Ártico.
Segundo um estudo publicado recentemente na revista Communications Earth & Environment, o degelo se deveu a um evento climático anormal, com ventos fortes e extraordinários que empurraram o gelo para fora da região e ao longo da costa da Groenlândia. No entanto, os autores afirmaram que a redução do gelo marinho devido a décadas de mudança do clima também foi um fator significativo para esse episódio. Essa conclusão abre espaço para novas análises sobre a resiliência dessa área ao aquecimento no Ártico; estimativas apontam que o mar congelado, que contempla mais de 1 milhão de km2, não estará livre de gelo no verão até por volta de 2100.
Associated Press, BBC e NY Times deram mais detalhes sobre o estudo.
Em tempo: Uma nova pesquisa sugere que a criosfera (a área do planeta coberta por neve e gelo) está diminuindo em cerca de 87 mil km2 a cada ano, uma área pouco menor que a do estado brasileiro de Santa Catarina. A criosfera desempenha um papel importante, já que serve como reservatório para 2/3 da água doce da Terra. Além disso, sua superfície branca e brilhante contribui para diminuir a absorção de calor ao refletir parte da luz do sol de volta para o espaço. Com menos gelo e uma cobertura branca mais tímida, a absorção da radiação solar aumenta, contribuindo assim para o aquecimento do planeta. Tim Radford deu mais detalhes sobre o estudo na Climate News Network.
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ClimaInfo, 7 de julho de 2021.
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