Bolsonaro sanciona MP da privatização da Eletrobras com “jabutis” contra renováveis 

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Bolsonaro sancionou a lei da privatização da Eletrobras com quase todas as emendas enfiadas pelo Congresso, relacionadas ou não com a empresa. Elas criam reservas de mercado para alternativas energéticas inviáveis do ponto de vista econômico, ambiental e social. Por serem economicamente inviáveis, as novas usinas-jabuti serão pagas pelos consumidores. Há alguns dias, Guedes, o ministro porta-bandeira do liberalismo mais puro, declarou que “minha equipe garante que os jabutis realmente muito grandes nós eliminamos todos.” Mentiu. A senadora Soraya Thronicke (PSL-MS) votou a favor do texto final “considerando o compromisso de que o governo vete todos os jabutis embutidos na MP”. Foi enganada.

As usinas-jabuti também contribuirão duplamente para o aumento das emissões de gases de efeito estufa do país. Diretamente pela queima de gás natural, as emissões do setor elétrico ultrapassarão todas as outras, exceto o desmatamento e as do rebanho bovino. E, indiretamente, ao frear a expansão das renováveis cujo espaço será ocupado por térmicas a gás e as caras e impactantes pequenas centrais hidrelétricas.

O presidente vetou alguns artigos como o que obrigava o governo federal a recontratar funcionários da Eletrobras que o futuro dono dispensar.

E o deputado federal Alessandro Molon anunciou que o PSB vai ao STF reclamar da inconstitucionalidade da lei sancionada.

A notícia foi destaque nos UOL, Globo, Veja, Canal Energia e na Reuters.

Para o leitor estrangeiro, Fábio Teixeira, na News Trust, explica o desenho da privatização da maior empresa do setor elétrico e os possíveis impactos das usinas-jabuti da nova lei.

O Valor falou sobre a oportunidade que parece se abrir para a repotenciação das usinas hidrelétricas mais antigas. Em muitas delas é possível se modernizar turbinas e geradores e até se adicionar mais algumas. Se tivesse sido feita, a repotenciação poderia aliviar um dos pontos mais agudos da atual crise hídrica – o atendimento da hora de pico da demanda. Sobre a crise atual, o Poder 360 comenta que a retomada da economia, se real e rápida, aumentará o consumo e a demanda e poderá tornar reais os pesadelos de racionamentos e apagões.

 

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ClimaInfo, 14 de julho de 2021.

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