Poucos lugares são tão afetados pelo lobby pela regularização do garimpo em Terras Indígenas como na reserva Munduruku: garimpeiros, empresários, políticos e grupos indígenas cooptados pelo garimpo costuraram uma forte aliança, com peso político não apenas no nível local, mas também em Brasília.
O Repórter Brasil destrinchou essas conexões, destacando como os atores conseguem articular conversas nos níveis mais altos da República, favorecidos por um governo declaradamente favorável ao garimpo em áreas indígenas.
Na lista de interlocutores do lobby garimpeiro em Brasília, estão nomes como o do vice-presidente Hamilton Mourão; os ex-presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre; os ministros Augusto Heleno, Bento Albuquerque e Onyx Lorenzoni; o ex-ministro Ricardo Salles; além de deputados e senadores.
Ao mesmo tempo em que ganham os corredores do poder, os garimpeiros estão perdendo qualquer pudor e atacando indígenas e ativistas contrários à atividade. Como mostrou uma operação recente da Polícia Federal na região, nem mesmo as forças de segurança pública estão se safando da ira aberta dos criminosos.
E por falar em descontrole do garimpo, a Piauí destacou a restrição recomendada pelo ministério da saúde ao consumo de peixe e de água não tratada por conta do risco de contaminação por mercúrio utilizado pelos garimpeiros na região.
“Como é que as pessoas vão viver sem seu principal alimento? Não tem como”, desabafou a líder indígena Alessandra Korap Munduruku. “Tem é de parar de dizer que o garimpo traz recursos para a Amazônia, parar de dizer que vai legalizar o garimpo nas Terras Indígenas: o garimpo traz doença para a floresta e as pessoas”.
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ClimaInfo, 15 de julho de 2021.
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